Num dia de tensões no mercado financeiro, a moeda norte-americana voltou a subir e fechou no maior nível em três meses. O dólar comercial encerrou esta segunda-feira, 19, vendido a R$ 4,68, com alta de R$ 0,64. Na parcial de agosto acumula alta de 6,45% e nos últimos 30 dias somou ganhos de 8,55%.
Desde a última semana, temores de que uma nova recessão global se aproxima têm provocado instabilidade em mercados financeiros de todo o planeta. A Alemanha e a China divulgaram dados econômicos piores que o esperado, indicando desaceleração na maior economia da Europa e na segunda maior economia do mundo.
Também na semana passada, a curva de juros futuros dos títulos do Tesouro norte-americano inverteu-se. Os papéis de dez anos foram negociados com taxas inferiores às dos papéis de dois anos. Essa inversão tradicionalmente ocorre meses antes do início de recessões nos Estados Unidos.
A ameaça de recessão em economias avançadas pressiona o câmbio e a bolsa em mercados emergentes, como o Brasil. Em momentos de turbulência, os investidores estrangeiros tendem a retirar capital de países em desenvolvimento para cobrirem prejuízos nos mercados de países desenvolvidos, elevando para cima a cotação do dólar.
Segundo o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, a alta do dólar soa como uma repercussão de uma provável crise internacional, que traz para a atividade agrícola um cenário mais negativo do que positivo. “ Os insumos e a logística ficam mais caros com essa mudança do dólar. Nem todos vendem seus produtos em dólares, mas todos pagam os custos no valor da moeda norte-americana”, diz.