Os produtores de leite que sofreram com a estiagem no Rio Grande do Sul, agora já calculam os prejuízos provocados pela crise do novo coronavírus. E, para evitar um colapso no setor, a indústria busca alternativas com os governos estadual e federal para incentivar o consumo em outras regiões do país.
Em Boa Vista do Cadeado (RS), o produtor rural Rafael Herman relata que, apesar de a redução na oferta de leite por causa do clima, a alta esperada não foi refletida nos preços. “Tivemos agora esse problema da pandemia, que trouxe uma dificuldade grande para os produtores. Infelizmente, o último Conseleite indicou uma alta na remuneração de 9% e as indústrias não conseguiram atender. Muitas até baixaram o preço pago ao produtor”, disse.
De acordo com o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do estado (Sindilat), os preços estão sendo repassados aos produtores, assim com a cobrança de auxílio ao governo. “As indústrias demandam um capital de giro muito alto, devido ao pagamento aos produtores, e essa é uma das questões que as indústrias têm se comprometido para fazer a coleta e o pagamento aos produtores. E as demandas que temos junto ao governo federal é no sentido de que recursos de Pis e Cofins que estão em análise junto à Receita Federal sejam liberados”, disse o secretário-executivo da entidade, Darlan Palharini.
No entanto, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) nega que o repasse de preço da indústria esteja acontecendo. “Esse aumento não veio para os produtores. No mês de abril, o próprio Conseleite apontou que os produtores deveriam ter um aumento em torno dos 10%, mas passou o dia 15, quando as empresas têm que pagar os produtores, e vimos que isso não se refletiu. Raras foram as empresas que deram um pequeno reajuste”, disse o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva.
Para evitar ainda mais prejuízos, o Sindilat deve apresentar ao governo federal um projeto para aumentar o consumo de leite entre outros estados brasileiros. “A gente tem buscado junto ao governo para que agilize o plano de escoamento (PEP), para aproveitar alguma oportunidade de exportação, já que o câmbio nos favorece. Além de ter condições de mandar leites e derivados para outros estados do Brasil, já que no final de maio deve começar a safra no Rio Grande do Sul, isso vai facilitar e muito, principalmente ao produtor que tem a garantia de escoamento dessa matéria prima”, concluiu Palharini.