Com o programa RenovaBio, que entrou em vigor na terça-feira, 24, o etanol ganha ainda mais importância na matriz energética do país, assim como o plano de tornar o setor ainda mais sustentável ambientalmente. As usinas parecem ter comprado a ideia, tanto que as 146 associadas a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), toparam fazer parte do programa, baseado em desmatamento zero.
O Brasil produziu quase 35 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar em 2019 e espera aumentar esse volume para 50 bilhões até 2030, com o programa RenovaBio, que acaba de entrar em vigor. O objetivo é aumentar a produção de biocombustíveis no país de forma mais eficiente e sustentável, reduzindo a emissão de carbono no processo produtivo.
“As empresas, usinas, produtores de biodiesel, produtores de biometano, biogás e qualquer produtor de biocombustível que queira participar do programa, tem que chamar uma empresa de certificação, que irá auditar todo o processo produtivo. As mais eficientes do ponto de vista ambiental, poderão emitir mais créditos de descarbonização ou CBIOS”, afirma o economista chefe da entidade, Luciano Rodrigues.
Cada tonelada de carbono emitida a menos na atmosfera, dará direito a um CBIO, que será negociado na Bolsa de Valores. Cerca de 200 produtores de biocombustíveis já procuraram a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para iniciar o processo de certificação.
“A partir de 24 de janeiro, aquelas usinas que já estiverem certificadas poderão usar suas operações físicas de etanol para emitir os Cbios. O Sepro já apresentou a plataforma, ai cada usina vai procurar um banco ou corretor para fazer o processo de escrituração. A B3 já está avançada e entregará no tempo adequado o processo de registro das liquidações dessas operações”, conta Rodrigues.
O produtor de cana também poderá ter uma participação no valor do CBIO.
“Aquele fornecedor de cana mais sustentável, terá uma quantidade maior na participação do Cbio. Então é um programa que vai levar a um estímulo tanto na questão da sustentabilidade e da eficiência da produção de cana, seja própria da usina e no processamento industrial”, conta o diretor da Unica, Antonio de Pádua.
O programa adotou como política, o desmatamento zero, mesmo se for legal.
“Pra ter uma ideia de como funciona. Eu tenho uma fazenda de 10 mil hectares de cana, mas desmatei, legalmente, 2 hectares. Com isso, meus 10 mil hectares estão fora do RenovaBio. Das 146 usinas da Unica, todas aderiram. Ou seja, o setor fez essa aposta. Desmatamento zero, mesmo desmatamento legal”, diz Gussi.
Etanol mais caro
Mas, por enquanto, mesmo com uma oferta recorde, o preço do combustível nos postos aumentou quase o dobro da inflação, em apenas um mês.
Depois do Natal, muita gente pretende pegar a estrada e aproveitar o réveillon longe de casa. Se o plano é, prepare o bolso, pois o etanol subiu de novo. Em 17 estados e no Distrito Federal, o aumento foi de 6%.
“O etanol hoje é regulado pelo mercado. Ou seja, temos uma demanda aquecida e uma oferta suficiente para garantir o consumo, mas não há oferta estressada. Não há uma oferta tão grande, que ninguém quer e está sendo vendida a qualquer preço”, diz o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi.