A alta carga tributária somada ao custo de produção elevado tem complicado a vida de agricultores de Mato Grosso. Para piorar, o governo do estado quer criar mais impostos.
“Fethab 1, Fethab 2… Até no milho colocaram taxação. Todo mundo acha que o produtor está dando risada, nadando de braçada, mas não é a nossa realidade. Só quem está no campo sabe a dificuldade”, desabafa Enéas Gláucio Batistella.
Dois anos atrás, ele perdeu quase toda a lavoura de milho por causa da seca. Como tinha feito venda antecipada, Batistella precisou comprar grãos para honrar o compromisso e teve que arcar com prejuízo de R$ 130 mil. “Era um dinheiro que estava programado para entrar no orçamento, mas ao invés disso, saiu”, diz.
O produtor Délcio Raimundi também enfrenta problemas. Há cinco anos, ele precisou vender 800 hectares para quitar dívidas. Atualmente, paga 10 sacas de soja por hectare para plantar na área que foi dele no passado. “A rentabilidade é mínima. Enfrentamos taxações do governo sem um retorno condizente”, afirma.
Mato Grosso busca alternativas para cobrir o rombo da Previdência, que nos próximos dez anos deve chegar a R$ 30 bilhões. Para isso, a criação de novos impostos não está descartada.
“Não teremos dinheiro suficiente para pagar salários de servidores, aposentados e pensionistas, por isso que precisamos do apoio do setor produtivo. É importantíssimo que o estado aprove a reforma da sua Previdência também, porque senão, ali na frente, teremos que achar um mecanismo para aumentar a arrecadação”, afirma o deputado Dilmar Dal Bosco (DEM).
O diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, afirma que seria uma “insanidade” a criação de mais uma taxa. “Até porque este ano o produtor pagou uma conta cara. O preço do milho, quando o produtor fechou no ano passado, estava baixo. Depois, veio o Fethab do milho”, afirma.