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MT: produtores dizem que oscilação da energia está queimando pivôs

Além do prejuízo que estaria sendo provocado por falhas no sistema de distribuição, um novo aumento na conta de luz tem tirado o sono do setor produtivo

Uma oscilação de energia provocou um prejuízo de R$ 10 mil na fazenda de Wesley Vigolo, já que o problema queimou um transformador e o anel coletor do centro do pivô. A reclamação, é que esse tipo de irregularidade na transmissão de energia tem se tornado frequente. “Às vezes vem energia muito alta, às vezes muito baixa, e acaba ocorrendo a queima de aparelhos de pivôs e armazéns. Mas a gente paga para vir energia estável, o que não ocorre”, disse.

A insatisfação de Wesley e outros produtores rurais aumentou ainda mais quando a  Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou um reajuste na tarifa de energia. O agricultor considera o valor abusivo, sendo que em seis meses, ele precisou desembolsar cerca de R$ 600 mil com sete pivôs, utilizados para o cultivo de soja, feijão e arroz.

Wesley está preocupado com mais um aumento da conta de luz. Foto: Divulgação

“Durante esses meses que a gente fica usando esses pivôs para colocar alimento na casa do brasileiro, ou até do mundo, essa energia praticamente é milionária. E vem  todo mês a  continha para os produtores rurais pagar, isso é uma vergonha”, disse.

Luiz Carlos Scapucin também investe em irrigação, com três pivôs para 550 hectares. Segundo ele, cada um gera uma despesa de R$ 27 mil por mês. “Essa semana queimou um transformador, queima fusível, queima equipamentos eletrônicos. Isso porque quando a gente vai implantar um pivô, sempre faz projeto para a concessionária, para solicitar energia para o pivô, porque muda a carga exigida pela rede de energia. No entanto, quando a gente  começa a trabalhar com ele, chega a conclusão que aquilo que entregamos para não serviu para nada, porque mantém a energia variável, nunca é boa, não funciona”, disse.

Pivô
Foto: Arquivo pessoal

O presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Thiago Stefanello Nogueira, diz que o problema com o fornecimento de energia é generalizado no estado. “Temos problemas em todas as regiões. A Energisa [concessionária] está fazendo um desserviço para os produtores, com quedas de energia, queima de equipamentos e problemas para irrigar plantações de feijão e algodão, causando prejuízo enorme aos produtores. Então, que essa empresa faça um serviço de qualidade à altura dos valores que são pagos na energia e na conta de luz.”

O percentual de reajuste médio que havia sido suspenso por conta da Covid-19 foi aprovado pela Aneel e aumentou ainda mais a revolta no campo. Em Mato Grosso, a tarifa estabelecida que passou a vigorar, teve um acréscimo de quase 2,5% nas contas de energia elétrica.

“Não cabe reajuste, uma pelo custo imputado da nossa energia que já é muito alto e também pelo serviço que a gente tem hoje, que é de péssima qualidade. Precisamos que se forneça uma energia de qualidade e depois se pense em tarifar ou sobretaxar. Quem tem o sistema de irrigação através do pivô central, estas tarifas já estão inviabilizando a terceira safra”, disse o vice-presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, que reclama da falta constante de energia, que obriga os produtores a terem geradores para poder produzir. 

Em resposta ao Canal Rural, a  Energisa informou através de nota que “o processo de reajuste tarifário anual é regulado pela Aneel e previsto no contrato de concessão da empresa. Depois de postergado por 90 dias, a pedido da concessionária em virtude da pandemia, a aplicação do aumento na tarifa entra em vigor a partir de 1º de julho, conforme aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica”.

Em relação aos problemas de fornecimentos relatados na reportagem, a concessionária prometeu analisar.