Política

'Pandemia pode mudar alianças políticas e enfraquecer o governo'

O analista político Rafael Cortez fala sobre o atual cenário político do Brasil e quais as preocupações para o enfrentamento da Covid-19

Em encontro virtual entre analistas econômicos e políticos promovido pela Fundação Getúlio Vargas discutiu, nesta segunda-feira, 27,  a mudança dos eixos políticos em Brasília com a pandemia do novo coronavírus.

O grupo chegou à conclusão de que a defesa pelo isolamento social total aproximou a esquerda dos partidos do centrão, num momento em que a direita e o governo precisam do apoio político do Congresso para colocar em prática ações de combate à pandemia, além da futura aprovação de projetos importantes como a reforma tributária e a administrativa.

Sobre este assunto, conversamos com o cientista político da Tendência Consultoria, Rafael Cortez. “Os desdobramentos dessa crise nos trouxeram um outro mundo do ponto de vista político. Mundo esse que tem a possibilidade de interrupção do mandato do presidente Jair Bolsonaro e é a partir desse risco que as peças desse jogo de xadrez serão movimentadas”, analisou.

Segundo ele, de um lado existe o debate entre Executivo e Legislativo e, do outro, tem a  coordenação para se ter as medidas necessárias para minimizar os efeitos políticos e econômicos da Covid-19. “É um cenário desafiador e o resultado desse jogo vai contribuir bastante para a gente entender como será a economia brasileira em 2020 e, sobretudo, o formato da retomada econômica em um cenário de normalização”, completou.

Rafael acredita em uma retração econômica significativa em 2020, mas o problema que o mercado analisa agora é a capacidade de recuperação do Brasil após a crise. “Infelizmente, o cenário de uma coordenação entre os poderes e até com os governadores e prefeitos está muito longe de ocorrer. O importante é pensar se teremos uma ruptura de mandato ou se, de alguma maneira, mesmo em um quadro de competição, que o mínimo programático seja preservados. Não teremos o ideal, temos que pensar o quão distante ficaremos dessa situação ideal”, finalizou.