Os principais indicadores mostram que a economia brasileira está se recuperando, mesmo que lentamente. A taxa básica de juros, Selic, no menor patamar da história (5%) anima a agronegócio, porque torna o crédito rural mais acessível. Porém, a demanda interna não parece ser capaz de absorver a oferta de produtos: o consumo das famílias cresceu apenas 1,5% em um ano. Isso deixa agricultores e pecuaristas com receio de investir para aumentar a produção.
Por outro lado, as exportações, especialmente da agropecuária, têm sido fundamentais para a balança comercial. No caso das carnes bovina, suína e de frango, o país embarcou o equivalente a US$ 11 bilhões no acumulado de janeiro a setembro de 2019.
As vendas para o mercado internacional foram impulsionadas principalmente pela peste suína africana, que dizimou boa parte do rebanho chinês. “A gente viu novos frigoríficos sendo habilitados a exportar, o que foi bastante positivo. O Brasil tem muito potencial. O agro pode beneficiar o país como um todo”, diz o analista de mercado Glauco Legat.
Outra preocupação é política nacional, que ainda vive um momento turbulento. Depois da reforma da Previdência, investidores esperam que o governo avance com as outras, principalmente a tributária. “Enquanto a gente não definir, por exemplo, se uma tributação se dará na origem ou no destino, o empresário que quer abrir uma nova planta não saberá onde. Ele precisa saber as regras do jogo”, afirma o economista Felippe Serigati.
O agronegócio também teme o fim da Lei Kandir e o retorno da cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos agropecuários. Caso isso aconteça, os produtores brasileiros perderão competitividade no exterior e o volume embarcado pode cair.
“Um dos poucos setores que setores que está crescendo teria uma casca de banana jogada no meio do caminho. ‘Olha, vamos aumentar seus custos de produção, boa sorte!’ Certamente não é algo confortável de se ouvir”, finaliza Serigati.