De olho no monitor, o produtor rural Leandro Sato acompanha a produção de energia elétrica a partir das placas fotovoltaicas instaladas no campo. A pequena usina ficou pronta há seis meses e teve investimento superior a R$ 500 mil.
“Nos últimos três anos, a gente teve um aumento significativo na tarifa na energia elétrica. Isso acabou incentivando a procura por outra fonte de energia para baixar o nosso custo de produção. A gente optou por esse investimento, contando com um retorno do investimento em oito anos, considerando o aumento de tarifa modesto. No entanto, achamos que vai aumentar muito daqui por diante e esse retorno deve ocorrer em menos de oito anos”, contou.
A pequena usina possui 720 placas fotovoltaicas com capacidade de produzir até 33 mil quilowatts por mês. A expectativa do Leandro é de uma economia de até 30% na conta de energia elétrica. Por não ter baterias, ele repassa à concessionária a energia solar excedente e ganha créditos por isso. quando instalou as placas, ele já sabia da intenção da Aneel de taxar a geração distribuída.
“Eu acho que a gente continua usando a rede da concessionária e é justo pagarmos um percentual pelo uso dessa rede, porém a taxa tem que ser bem pensada e bem ajustada. Se a tarifa for nesses patamares que eles falam hoje, eu não teria investido nessa mini usina”, contou.
Essa é a opinião do deputado federal Lafayette de Andrada, do republicanos de Minas Gerais. Ele é autor do projeto de lei que propõe a cobrança do serviço de distribuição apenas para quem adquirir as placas fotovoltaicas a partir de 2022. No cálculo do projeto, a distribuição teria um custo de aproximadamente 28% do valor da tarifa e a cobrança seria gradativa.
“Ao longo do tempo, vai se incidindo o que é chamado de parcela B, que é a parcela de distribuição, para ao longo de 10 anos as pessoas estarem pagando a parcela B”, disse.
O deputado ainda não sabe dizer como o projeto será protocolado no Congresso. Ele está em contato com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estuda formas de dar mais agilidade no processo. Coordenador da Frente de Energia Limpa, Andrada também é membro da Frente Parlamentar da Agropecuária, organização contrária à qualquer tipo de taxação. Apesar do conflito de posições, ele está otimista com o projeto.
“Infelizmente não existe almoço grátis, de maneira que algum tipo de tarifa deverá ser paga, mas que seja em parcela bem pequenininha, bem factível, para que seja estimulada a energia solar”, completou