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‘Tenho vontade de chorar’, diz produtor obrigado a descartar hortaliças

Manoel Messias Neto, que viu parte da produção ser perdida por falta de escoamento no início da pandemia, agora tenta recuperar a receita na Feira Segura, inaugurada na capital paulista

Aos poucos, as atividades estão voltando ao normal para os produtores de hortaliças. Mas, para isso,  eles precisaram se adequar em tempos de isolamento social, como é o caso do Manoel Messias Neto, que há 30 anos produz verduras em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, e garante 100% da família.

Com o isolamento social, as feiras livres perderam o poder de venda que tinham antes da pandemia e esse tipo de varejo representa 60% do escoamento da produção da família Messias, provocando o descarte de muitos produtos. “A vontade é de chorar, pois uma coisa é para a gente consumir, levar para feira, outra é jogar fora porque está apodrecendo. Não tem como, e a solução é tentar fazer adubo”, disse Manoel.

Com essa redução no orçamento familiar, foi preciso mudar a dinâmica de produção para cortar os custos. “Deixamos de fazer muitas coisas, como comprar adubo e pagar funcionário, que são coisas essenciais na roça”.

Feira segura

Para alívio do Messias e de outras famílias, a feira livre em São Paulo conseguiu contornar a questão do coronavírus. Os alimentos de qualidade e os bons preços continuam, mas agora a feira está segura.

O projeto é uma iniciativa da Faesp, Senar São Paulo e União Nacional dos Feirantes. A Janete Alves da Silva, esposa do Messias, conta quais são os cuidados tomados pelos feirantes. “Eu acho que o principal desafio do povo é o medo de vir na feira. Não precisa ter medo, a gente está aqui lidando com álcool, a gente tá usando máscara, a gente tá procurando a usar a luva, a gente tá procurando falar a distância com freguês, não tem esse negócio de ficar falando no pé do ouvido. Então, essas já são todas as condições para o pessoal vir para feira com segurança.