A primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos foi assinada nesta quarta, 15, Washington. O presidente Donald Trump afirmou durante a cerimônia de assinatura que a China compraria até US$ 50 bilhões em produtos agrícolas, mas o documento assinado prevê a compra de US$ 32 bilhões.
Afinal, com essa assinatura de acordo, a guerra comercial finalmente teve fim? E como isso deve impactar no mercado global de produtos? O Canal Rural chamou especialistas para fazer uma análise após o primeiro dia de acordo.
Segundo o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, os chineses já divulgaram que o governo comprará soja e outros produtos agrícolas a preço de mercado. “Essa informação garante uma competitividade para o produto brasileiro. Temos que observar algumas situações internas a serem superadas na China, como subsídios que o governo chinês dá a seus produtores rurais. Uma vez que aumentando a exportação, é possível que diminua o preço interno, o que pode gerar uma grande pressão no governo daquele país”, contou.
Para o chefe do departamento de grãos da Datagro, Flávio França Júnior, a notícia deve gerar boas negociações na bolsa de Chicago na questão das commodities agrícolas. “Deve ser interessante para a economia mundial, uma vez que fica afastada momentaneamente o temor de uma desaceleração da economia”.
Para ele, o impacto no Brasil deve ser na diminuição do prêmio pago para a soja, mas isso não será tão sentido para o produtor. “Essa queda será compensada pela alta em Chicago”, completou.
O diretor de comercialização e abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, afirmou que mesmo com o acordo comercial, o Brasil vai continuar exportando para o país asiático por causa da crise provocada pela peste suína africana. “Eles estão com plantel reduzido. O Brasil, com essa questão da disputa, aproveitou cerca de 10 milhões de toneladas a mais de soja. É possível que haja uma redução, mas lembrando que a exportação de proteína animal está crescendo”, contou.
“Os Estados Unidos deixa claro para o Brasil que mercado chinês é deles e caso sobre espaço, também exportará. Mas é uma realidade imprevisível, o que tende a deprimir o mercado brasileiro”, afirma comentarista Miguel Daoud.