Desenvolver novas tecnologias para a cafeicultura é parte do trabalho da Fundação Procafé, criada há 12 anos. Dentro de seus laboratórios está acontecendo uma revolução biotecnológica. Hoje já existe até um banco genético feito a partir da clonagem das folhas. Processo que demora uns dois anos.
– Através da clonagem nós podemos produzir essas mudas em larga escala, de uma folha para dez mil mudas. Isso acaba otimizando e carregando as características da planta mãe – explica Ana Carolina Ramia dos Santos Paiva, engenheira agrônoma.
As pesquisas de ponta melhoram a qualidade do grão e a produtividade nos cafezais. Um trabalho minucioso que começa com a análise dos terrenos.
– Sabendo quais nutrientes têm no solo, a quantidade, porcentagem para cada cultura, o produtor vai conseguir adubar racionalmente seu café ou qualquer cultura – explica a técnica química, Priscila Santos.
Quem idealizou tudo isso foi o pioneiro José Edgard Pinto Paiva, que acumulou experiência como produtor e também funcionário do antigo Instituto Brasileiro do Café. Mas foi em casa que ele aprendeu as primeiras lições da lavoura.
– Meus pais e avós eram produtores de café, e eu também já tinha uma tendência. Fui estudar agronomia em Lavras (MG) já direcionando minha faculdade para a área de café. Por fim, acabei voltando para minha terra e, aqui, meu pai tinha propriedade. Adquiri uma ou outra e fui plantando café, também trabalhando nessa área de pesquisa, de extensão rural e difusão de tecnologia – conta Paiva.
Quando começou o plantio, isso lá na década de 1960, a produção nos arredores de Varginha, no sul de Minas Gerais, era de um milhão de sacas. Hoje, chega próximo de 15 milhões.
– Um quarto de todo o café colhido no Brasil vem aqui do sul de Minas Gerais. A produtividade da região é tanta que se equivale à da Colômbia, terceiro maior produtor de café do mundo. Atrás apenas do Vietnã e do Brasil – diz Paiva.
O Banco do Brasil tem sido parceiro nesse desenvolvimento. Só o José Edgard é correntista desde 1966.
– O BB tem apoiado com custeio, com investimento, com comercialização, algumas linhas e soluções da fazenda para fora. Nós temos agora o privilégio de assegurar o faturamento através do seguro agrícola faturamento, que o banco lançou especialmente para a cafeicultura. Para que o produtor não tenha só a garantia de produção, mas a garantia de faturamento, inclusive em relação ao mercado – afirma Antônio Melo, gerente do Banco do Brasil.·.
Todo conhecimento gerado na Procafé é fundamental na Fazenda Experimental de Varginha, onde são testadas as novidades – que já somam mais de 100. Algumas se tornaram indispensáveis, como a estação meteorológica que emite, todos os meses, um boletim com a previsão do tempo para os produtores.
Nesta grande família do café que o José Edgar vem formando ao longo dos anos, um bom espaço está reservado aos quatro filhos, entre eles o Rodrigo Naves Paiva, que além de ter o melhor professor em casa, estudou na mesma faculdade do pai.
– Dá bastante orgulho por tudo que ele construiu. A gente tentar manter e conseguir passar isso pros nossos filhos também, isso é o mais importante hoje – exalta Rodrigo.