O mercado de proteína animal viveu grandes emoções em 2019, já que a China acabou movimentando o setor no mundo inteiro, fazendo com que fechasse com números históricos. Em 2020, não deve ser diferente, de acordo com analistas ouvidos pelo Canal Rural.
Para esses especialistas, a demanda por proteína vai ser alta e a arroba do boi gordo deve ficar em patamares mais elevados.
Entre 2 de janeiro e 29 de fevereiro de 2019, a arroba do boi gordo saiu R$ 149 para R$ 231, de acordo com a variação Esalq B3, com base na praça São Paulo. O principal fator para essa mudança foi a demanda chinesa, um reflexo da peste suína africana deflagrada no país ainda em 2018, o que aumentou a demanda de proteína para os asiáticos.
“Nós temos uma demanda que chega a 14 milhões de toneladas de carne suína e o mundo exporta 8 bilhões e meio de toneladas de carne suína no ano. O grande produtor era efetivamente a China, sendo metade da produção do planeta e um altíssimo consumo interno, 35 kg habitante/ano, No Brasil, o consumo é de 15 kg. E, repentinamente, faltou 14 milhões de toneladas e o mundo exporta 8,5. Então, cresceu o consumo de carne de frango, exportação, carne bovina, pescado, tudo”, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra.
Com isso, o Brasil se consolida mais uma vez como o maior exportador mundial de carne bovina. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o volume embarcado em 2019 foi de 1,8 milhão de toneladas, 11% mais que em 2018, movimentando US$ 7,5 bilhões.
Mas não foi só a exportação de carne bovina que cresceu. Dados da ABPA mostram que, em 2019, foram embarcadas 740 mil toneladas de carne suína, 14% mais que em 2018. Já o frango, o Brasil enviou para o mercado externo 4 milhões de toneladas, quase 2,5% mais que no ano anterior.
“O ano se confirmou naquilo que a gente esperava lá no começo de 2019, um ano positivo e de recuperação. O setor conseguiu rentabilizar as operações, melhorou sua competitividade internacional. Então, nós tivemos uma ano positivo em termos de produção e de exportação em ambas as proteínas, tanto em frango como em suínos, por isso a avaliação é positiva agora no final do ano”, disse o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.
Mercado aquecido para 2020
O ano de 2019 foi positivo para o Brasil, tanto na produção como na exportação da proteína animal. Para 2020, a expectativa é de que o mercado continue aquecido. “A carne suína deverá repetir o crescimento de mais de 15%, sendo que esse ano foi de 14,5% e deverá crescer de 15% a 20% no ano de 2020. E o frango deve crescer na casa dos 5%. Então, ambas as proteínas terão um ano de 2020 positivo, porque o cenário que ocorreu neste ano de 2019, que causou esses crescimentos, é um cenário que se mantém e se acentua. Essa crise vai permanecer e é uma crise de segurança alimentar da Ásia, onde o Brasil vai ter chance de crescer”, completou Santin.
A previsão é de que a Carne Bovina deve bater novo recorde e crescer 13% em volume, embarcando mais de 2 milhões de toneladas. A projeção no faturamento é de 15% a mais, prevista para fechar em US$ 8,5 bilhões.
‘Vislumbrando mercados altamente rentáveis como Japão, Coreia do Sul e Taiwan. A Indonésia a gente já mandou as primeiras cargas que chegaram ainda neste mês. Então o cenário é bastante positivo”, disse Antônio Jorge Carmadelli, presidente da Abiec.
Arroba abaixo dos R$ 200? Na na opinião do diretor de marketing da DSM, Juliano Sabella, o valor vai variar nesta margem, mas certamente não voltará aos que foram praticados no início de 2019. “ Acertar o preço da arroba é muito difícil, mas com certeza vão ser patamares mais elevados e que remunerem todo o investimento que o produtor tá fazendo dentro da propriedade”, contou.
Essa também é a opinião do analista de mercado do Cepea, Caio Monteiro. “Quando a gente analisa o mercado futuro, que é o principal balizador de preços, a gente vê a arroba trabalhando aí na casa dos R$ 190 até R$ 200 reais para o próximo ano”, disse.