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Lideranças de Mato Grosso criticam estado caótico da BR-163

BR-163

Lideranças do agronegócio de Mato Grosso criticam as concessionárias da rodovias e as empresas de transporte pela situação na BR-163, no Pará. A rodovia tem apresentado, ao longo dos anos, péssimas condições e vive mais um momento de bloqueio por causa das fortes chuvas e incapacidade para escoar a produção em direção ao Arco Norte.

A principal crítica é direcionada ao sistema de licitações nas contratações das empreiteiras. Mesmo com o reconhecimento da importância da rodovia para a economia brasileira, ainda existem trechos não pavimentados e que acabam sucumbindo diante das intempéries da natureza.

“Depois que uma empresa ganha uma licitação, é muito difícil tirar ela de um trecho de estrada. Isso ocorre nos 37 quilômetros do Pará, onde nunca faltou dinheiro repassado pelo DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] para as empreiteiras e as pressões não foram suficientes para que aquele asfalto não ficasse pronto há cerca de quatro anos, o que reflete na realidade de hoje”, disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa, que disse ainda que o ideal é retirar do comando as empresas que não entregam o que foi licitado.

Já o presidente da Aprosoja de Mato Grosso, Endrigo Dalcin, lamenta o problema que surge, justamente, quando a região ganhou em competitividade ao enviar a produção para a região Norte do Brasil. “Tínhamos ganhado em competitividade naquela região, já que a soja do médio-norte tem sido mais competitiva na saída pelo norte. No entanto, com esses problemas, a logística pode se inverter por causa desse pequeno trecho que ainda falta asfaltamento”, falou.

Crítica às transportadoras

Marcos da Rosa criticou também a atitude das empresas de transporte em liberar os caminhões carregados, mesmo sabendo das dificuldades que os caminhoneiros poderiam enfrentar naquela região. “As empresas, sabendo da alta precipitação em um trecho intransitável, teriam que ter pedido o controle desse trânsito para que, mesmo que mais lento, as empresas pudessem fazer os reparos necessários nos atoleiros. Teve que se instalar um caos para que se tomasse uma atitude”, disse.

O caminhoneiro Carlos Alan Flores disse que não recebeu informações das transportadoras sobre as condições da BR-163. “Se a transportadora estivesse preocupada, pararia o transporte e dizia para que não fôssemos por esse caminho. Teriam que informar que passaríamos 13 dias no mato, passando fome e sede e com caminhões tombados, mas isso não ocorreu, o que me leva a crer que ninguém está dando muita bola para o que está acontecendo.”

Armazenagem

As entidades do agro cobram do governo federal um programa de armazenagem urgente para que esse tipo de situação não volte a acontecer. “Isso demonstra a falta de armazéns no Brasil, especialmente em Mato Grosso, de onde saiu toda essa soja.

Então os caminhões estão servindo como armazéns, já que pararam de rodar há 20 dias e vários armazéns de Mato Grosso e na região norte estão lotados de soja. Tudo isso gera prejuízo para o produtor rural que perde o produto na fazenda e para o caminhoneiro, que tem as suas contas a vencer e não consegue rodar, o que demonstra um claro problema no programa brasileiro de armazenagem em curto prazo”, falou Marcos da Rosa.

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