A Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), que será realizada entre os dias 25 e 29 de abril, em Ribeirão Preto (SP), deverá ter uma participação em linha com a do ano passado. Segundo a organização, este ano, serão 800 marcas no evento e são esperados 160 mil visitantes do Brasil e exterior no período da exposição. O faturamento deve ficar em R$ 1,9 bilhão, repetindo resultado de 2015.
O presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, afirmou que acredita que, mesmo em tempos de crise, a feira deverá ter êxito este ano, porque já tem uma estrutura consolidada. “Sabemos que dificuldades virão, mas sabemos como atuar para alcançar os melhores resultados”, afirmou.
“Se você conseguir algo igual ao do ano passado já é algo muito grande”, afirmou o presidente de honra da feira, o empresário Maurilio Biagi, ressaltando a atual situação de crise política e econômica no país. Ele afirmou, no entanto, que o agronegócio brasileiro passa por uma boa fase. “A agricultura brasileira vai bem. Até a cana-de-açúcar, que vinha há anos e anos patinando, também tem uma perspectiva muito boa.”
Setor de máquinas
O mercado como um todo não se mostra tão otimista, baseado, por exemplo, em números como os divulgados nesta quarta, dia 30, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). No primeiro bimestre do ano, o setor de máquinas como um todo teve queda de receita pela redução de vendas, o que levou à dispensa de trabalhadores do setor.
Segundo o relatório da entidade, as exportações de máquinas e implementos para agricultura foram 24 % menores em fevereiro, na comparação com o mesmo mês em 2015. A importação de equipamentos agrícolas teve queda ainda mais acentuada: 41,6%.
De acordo com o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, já está em curso um remanejamento de linhas subutilizadas do BNDES – uma para construção de silos e outra para agricultura de médio porte – e, nos próximos dias, existe a perspectiva de que cerca de R$ 2 bilhões sejam liberados para financiar o Moderfrota.
“Talvez nesta semana ainda seja anunciado esse remanejamento, que depende de uma decisão do Conselho Monetário Nacional”, afirma o executivo.
Dólar
O dólar mais fraco em relação ao real permite maior equilíbrio nas despesas do produtor com insumos cotados em dólar, caso dos fertilizantes. “As relações de troca estão favoráveis ao produtor; é um momento interessante”, afirmou o presidente do conselho de administração da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), George Bonifácio e Sousa, durante o lançamento da Agrishow, na tarde desta quarta, em São Paulo.
Ele afirmou que, de acordo com consultorias privadas, as entregas de fertilizantes devem crescer até 3% neste ano na comparação com 2015. Conforme a Anda, as entregas de fertilizantes ao consumidor final aumentaram 18,2% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2015. Foram 2,173 milhões de toneladas, ante 1,839 milhão de toneladas em fevereiro do ano passado.
Usinas paralisadas
O setor sucroenergético passa por uma consolidação após a crise que afetou o segmento desde 2009, com o fechamento de unidades e aumento das dívidas da usina, e neste ano algumas unidades que foram paralisadas devem retomar a operação. “Uma unidade que hiberna durante muito tempo é difícil voltar à ativa. Se não retomar este ano, não retoma mais”, disse Biagi.
O setor inicia oficialmente na sexta, dia 1°, a safra 2016/2017 de cana-de-açúcar, mas Biagi ressaltou que algumas usinas começaram a processar a matéria-prima em fevereiro, devido às boas condições climáticas. “É a primeira vez que tivemos diversas usinas que não pararam de trabalhar entre uma safra e outra”, afirmou. Para ele, as perspectivas para esta temporada são boas, com a redução do endividamento das usinas e números recordes de moagem.