Müller destacou a avaliação positiva do governo federal em relação ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, implantando em 2004. Segundo ele, os principais objetivos do projeto eram melhorar a matriz energética brasileira e inserir a agricultura familiar como fornecedora de matéria-prima para o biodiesel. O painelista destacou a criação do selo de biocombustível social, que certifica o biodiesel produzido por empresas que adquirem matéria-prima das 65 cooperativas conveniadas ao programa. Segundo ele, 104 mil famílias foram beneficiadas pelo projeto.
O secretário frisou também a melhoria na posição brasileira no mercado internacional.
— O Brasil passou de uma posição insignificante no mercado de produção e consumo de biodiesel e hoje nós já somos o quarto maior produtor o segundo consumidor mundial. Em um curto espaço de tempo, nós conseguimos montar um parque industrial que beneficia a agricultura familiar e a iniciativa privada.
Para o futuro, Müller projeta um incentivo maior à participação das cooperativas na cadeia produtiva brasileira e a concessão de benefícios às empresas que compram matéria-prima das cooperativas de agricultores familiares. Para o representante do governo, o objetivo é viabilizar o diálogo e a parceria entre o governo, o setor privado e a agricultura familiar.
O painelista Juan Diego Ferrés, presidente do Conselho Superior da Ubrabio, reiterou o sucesso do programa nacional de biodiesel, destacando o financiamento e a assistência técnica disponibilizados às famílias participantes. Ferrés afirmou, no entanto, que é preciso estimular o processo de diversificação das matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel. O participante também chamou a atenção para a discussão sobre o equilíbrio entre produção de alimentos e de óleos para biocombustível.
— Existe uma demanda de proteínas e carboidratos para a energia e para fins de alimentação. É preciso discutir essas demandas para que não haja excesso ou falta de oferta em algum dos dois setores. É uma importante discussão.
O gerente-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, Rodrigo Lima, destacou a importância do biodiesel como uma fonte de energia renovável que apresenta demanda crescente no mercado. O painelista falou sobre a redução da emissão dos gases de efeito estufa, afirmando que os benefícios ambientais da produção em comparação aos combustíveis de fontes não renováveis devem ser levados em consideração. Lima falou ainda da projeção do governo federal de utilizar o biocombustível no transporte público, prevendo a utilização de 11 bilhões de litros em 2020.
— É preciso avaliar se temos condições de chegar até lá e avaliar o que precisamos fazer. Para isso, é importante que haja um maior incentivo e valorização da produção de biodiesel em detrimento dos combustíveis de fontes renováveis.