O produtor Ireno Scharff planta soja nos municípios gaúchos de Getúlio Vargas e Muitos Capões. Foi à Expodireto buscar a solução para um dos principais problemas que tem enfrentado na lavoura.
– Estamos olhando a soja, principalmente a intacta, porque estamos com problema sério de lagarta, muita área afetada. Temos que ficar de olho na tecnologia nova, vamos pagar mais, mas vai compensar. Olhamos alguns estandes, está interessante – diz Scharff
Em se tratando de cultivares de soja, a intacta realmente é um dos destaques da feira. A tecnologia promete maior produtividade, proteção contra as principais lagartas e tolerância ao glifosato. Mas o uso comercial desta semente no Brasil ainda depende da aceitação do produto no mercado chinês, maior destino das nossas exportações.
– A gente tem esta tecnologia, mas a China, que é nosso principal importador, ainda não aprovou. A tecnologia no Brasil está aprovada desde agosto de 2010 para plantio, mas a Monsanto tem compromisso muito forte de não lançar comercialmente esta tecnologia enquanto a China não estiver aprovado lá – fala o supervisor comercial da Monsanto no RS e em SC, Fábio Pastana.
Enquanto isso, o desenvolvimento de novas variedades de segunda geração de soja transgênica segue a todo vapor. Uma empresa apresenta na feira quatro novas cultivares. Três de ciclo precoce e uma superprecoce.
– Agregam tecnologia que traz tolerância às lagartas de soja, e são mais produtivas que as que os produtores vêm plantando atualmente. Tem recomendações diversas, algumas melhores áreas, mais quentes e mais baixas, outras nas mais frias e mais altas. Há posicionamento específico para cada região, visando obter máximo de rendimento de cada uma delas – diz o gerente comercial da Sul Coodetec, Marcelo da Costa Rodrigues.
A biotecnologia foi um dos assuntos do 24º Fórum Nacional da Soja, uma das grandes atrações dessa terça. O encontro também falou sobre a economia mundial e ainda apresentou projeções para o cenário da soja em 2013.
Em síntese, o fórum realizado na Expodireto mostrou que, pelo menos, no que diz respeito à produção e à demanda mundial por soja, os agricultores brasileiros podem ficar animados, já que a tendência é de que os preços pagos pela commodity permaneçam nos patamares atuais. Entretanto, segundo os especialistas, a ineficiência logística do Brasil, retratada, por exemplo, pela demora para o embarque de navios no porto de Paranaguá, pode se tornar uma ameaça real à estabilidade destas cotações e, é claro, impactar negativamente os negócios dos produtores.
Segundo o analista de mercado André Pessoa, a falta de infraestrutura também já começa a refletir nas relações de troca entre as tradings e os produtores para a próxima safra.
>>Confira galeria de fotos da Expodireto