O presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e pecuarista, José Paulo Dornelles Cairoli, o vice-presidente da Federasul, coordenador da Divisão de Agribusiness e presidente do I-UMA, José Américo da Silva, e a editora de Economia de Zero Hora, Marta Sfredo, foram os debatedores deste primeiro painel.
Segundo José Américo, o Brasil é um grande ator no fornecimento de proteína no mundo, mas outras nações possuem capacidade de crescimento que podem trazer ameaças à competitividade do país no comércio global.
– Não somos o soberano na exportação, então a conquista e a consolidação do mercado se dará com o planejamento estratégico do setor – destacou.
Com mais de 30 anos de experiência na indústria da carne e há 17 anos no JBS, Jeremiah O’Callaghan, mais conhecido como Jerry, contribuiu com seus conhecimentos sobre a dinâmica global do setor para o debate. Nos anos 80, participou da globalização do mercado de carnes brasileiras, em negociações bilaterais para remover barreiras, tarifas e superar obstáculos sanitários.
Jerry apresentou os números da empresa no primeiro semestre do ano e falou sobre os riscos que afetam o setor da carne, como as barreiras sanitárias e as dificuldades de comercialização com outros países por problemas locais. O representante do JBS destacou a importância do contato com o consumidor, com o objetivo de conhecer o cliente, e o crescimento do consumo de carne no mundo. Segundo ele, é necessário atentar para os mercados emergentes, como Nigéria, Congo, Rússia, Sudeste Asiático e Oriente Médio, uma vez que são nesses locais onde existem as grandes chances de aumento do consumo, em detrimento da estagnação na demanda dos chamados mercados maduros, como América do Norte, Europa e Japão.
De acordo com Jerry, esta década promete consolidar a América do Sul (em especial o Brasil), a Austrália, os Estados Unidos e, em certa medida, a Índia como os países superavitários na produção de carne e o resto do mundo como dependentes desses países.
Para o secretário Estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, o acompanhamento do cenário internacional é de extrema importância para definir as políticas certas a serem aplicadas no Rio Grande do Sul e no Brasil. Mainardi também salientou a necessidade de investimento nas cadeias agrícolas, de modo a gerar emprego e valorizar o setor.
A preocupação com a sustentabilidade, sobretudo no que diz respeito à questão da renda dos pequenos e médios produtores, também foi debatida. Segundo o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, este é um tema que deve estar presente em todas as discussões sobre o desenvolvimento, que deve ser sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental.
Segundo José Paulo Dornelles Cairoli, o Brasil vive um grande momento, mas ainda é novo no mercado mundial de exportação. Na opinião do pecuarista, o país avançou significativamente e o produtor rural contribuiu muito para isso, o que resultou em um crescimento significativo de setores como do milho, soja, algodão, suínos, aves, bovinos. Cairoli destacou, no entanto, que o segmento da carne ainda não tem um compromisso efetivamente com o produtor, diferente dos outros setores.
– É necessária a união entre produtor e indústria com vistas a buscar a redução de custos. Não é concebível um país de produção como o Brasil ainda ter imposto sobre a cesta básica, e uma série de dificuldades que prejudica a indústria e o produtor. É preciso que haja uma relação de parceria entre produtor e indústria e entre indústria e governo – disse.
A cadeia produtiva do arroz, milho, soja, e o mercado do leite, dentre outros assuntos, também serão tema de debates ao longo desta semana.