A carne é chamada de ouro vermelho ou caviar bovino devido à alta maciez e ao preço estratosférico.
– Eu mesmo nunca comi um entrecot de wagyu, é muito valioso – diz o veterinário Vilson Ronchi Júnior, que representa em Esteio a Fazenda Angélica, de Americana, São Paulo, pela primeira vez trazendo à Expointer o tal gado japonês.
O corte entrecot é o mais valioso da raça. Um quilo no Japão custa cerca de R$ 1 mil. No Brasil, não chega a tanto, porque a produção pesa menos no bolso. Mas o quilo varia entre R$ 100 e R$ 300, de acordo com o grau de marmoreio (gordura entre as fibras da carne).
– É a carne mais cara do mundo – atesta o gerente da fazenda, Odilio Marin Filho.
Os compradores são restaurantes finos de São Paulo. Antes restrita a esses estabelecimentos, agora está chegando a butiques de carnes. Os produtores formam um grupo seleto A Angélica, com cem cabeças de animais puros, pertence a Ricardo Steinbruch, presidente da têxtil Vicunha. Só ele manda cinco animais por mês para churrascarias paulistas. A rede de restaurantes Rubaiyat também é forte produtora. Mas tudo começou com a empresa de laticínios Yakult, dona do maior criatório brasileiro. Ao todo, são mil cabeças, um rebanho de amostra perto das 1,8 milhão criadas no Japão.
Animais são criados no campo
Não foi pelas vastidões de campos, pelos piquetes e pelas invernadas que os japoneses solidificaram a raça. Ao contrário, lá o espaço é raro, e o gado pena em um superconfinamento. Cada cabeça ocupa um cubículo que só lhe permite levantar, comer e deitar.
Os animais em Esteio pouco têm a ver com os orientais. Os daqui são criados no campo. Somente os destinados ao abate ganham ração em confinamento, e suas carcaças desossadas alcançam 240 quilos. Os exemplares da Expointer não estão à venda. Se estivessem, custariam entre R$ 25 mil e R$ 30 mil (fêmea) e de R$ 20 mil a R$ 23 mil (reprodutor). Na ponta do consumo, porém, há um alento: em São Paulo, lanchonetes já vendem hambúrgueres com carne de wagyu por apenas R$ 24.