Farsul cobra transparência de dados de venda de máquinas

Presidente da federação, Carlos Sperotto, diz que recolhimento de taxa sobre a venda de máquinas poderia resultar em números mais precisosO presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, pediu mais transparência com relação aos valores de comercialização de máquinas na Expointer. Em coletiva de avaliação da feira, no domingo, dia 1º, ele contestou os dados apresentados pelo Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) e Secretaria da Agricultura, que dão conta de R$ 3,2 bilhões em negócios envolvendo maquinário, ante R$ 2 bilhões no ano anterior.

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– É preciso mais transparência. Não se pode confundir pedidos com vendas. Precisamos saber se o número de máquinas vendidas subiu ou se foram os preços que aumentaram. E precisamos saber se os negócios realmente se concretizaram – afirmou.

Para o dirigente, os números apresentados podem causar uma euforia e endividamento para o produtor. A posição foi reforçada pelo vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva.
– Euforia demais às vezes prejudica. Temos de ver se esses números não indicam um aumento de preços ou endividamento do produtor – afirmou Silva.

– Se houvesse recolhimento de algum tipo de taxa na venda de máquinas, como ocorre na venda de animais, se teria mais precisão nos números – disse Sperotto.

Chuvas poderão mudar data da próxima feira

Apesar disso, o presidente do Sistema Farsul classificou a Expointer 2013 como “uma exposição molhada, mas produtiva, como é a vida no campo”.

Os transtornos causados nesta edição, e em anteriores, pela chuva, fizeram com que a Farsul iniciasse estudos para avaliar um pedido de antecipação em 15 dias do período de realização da exposição de Esteio.

A Federação estudará os dados de índices pluviométricos no período, a fim de verificar se a data entre o final de agosto e início de setembro realmente coincide com precipitações mais acentuadas.

– Em princípio, antecipar em 15 dias a feira não traria maiores problemas, mas obviamente vamos ouvir os criadores antes de uma sugestão formal – afirmou Sperotto.

O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que se houver um consenso quanto à mudança de datas, está aberto a avaliar a opção.

Apesar da chuva, resultados foram positivos

Apesar dos estragos causados pela chuva no Parque Assis Brasil, em Esteio, que inviabilizaram parcialmente o funcionamento de mais de 30 estandes de máquinas, além de atrapalhar e adiar provas e julgamentos de animais, produtores aproveitaram a feira para fechar negócios e participar de debates. As vendas de animais já ultrapassaram R$ 16 milhões, superando os R$ 13,649 milhões registrados em 2012.

– Ficou demonstrado que o mercado de animais está aquecido, e os números servirão de base para comercialização nas 32 expofeiras de primavera que estão programadas – avaliou o presidente da Comissão de Feiras, Exposições e Remates da Farsul, Francisco Schardong.

O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, destacou investimentos em irrigação.

– Por ironia do destino, a quadra de irrigação ficou alagada. Ainda assim, se vendeu mais neste ano do que no anterior. Uma das coisas que facilitaram foi o Programa Mais Água Mais Renda, que torna mais ágil a licença para construir açudes com área alagada de até 10 hectares e irrigar área de até 100 hectares. Ainda é pouco, menos do que precisamos, mas serviu para destravar a irrigação – disse Pereira.

Já o presidente da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues, destacou o bom resultado da área de gado leiteiro.

– O momento da pecuária leiteira é bom. Verificamos uma valorização de animais e aumento na procura por aparelhamento das propriedades – disse.

Sperotto ainda fez uma projeção sobre a agenda do Sistema Farsul para os próximos meses. Segundo ele, a entidade deve se centrar no debate sobre a competitividade da agricultura brasileira, demonstrando distorções como o alto custo logístico no país e a carga tributária excessiva, além de demonstrar que a agropecuária é uma atividade de alto valor agregado.

Segundo estudo da assessoria econômica do Sistema Farsul, os produtores gaúchos poderiam aumentar em 137% sua renda, caso tivessem carga tributária e condições logísticas iguais às dos Estados Unidos.