Falando sobre o projeto Mais Água, Mais Renda do governo estadual, o secretário Luiz Fernando Mainardi deu início ao painel abordando a rotatividade de culturas no Rio Grande do Sul e o aumento das áreas irrigadas. Para ele, a garantia de renda do produtor deve se intensificar com a diversificação na produção e, por isso, o planejamento agrícola deve ser priorizado.
– O fundamental é que tenhamos planejamento de curto, médio e longo prazo. A diversificação de produção é o que nos dá garantias de renda. A partir deste conceito, trabalhamos a produção de arroz. Aprendemos muito com a crise 2011/2012. A relação do governador Tarso Genro com a presidente Dilma fez com que revertêssemos a crise. Desta, tiramos a lição para pensar na produção a médio e longo prazo. Temos que produzir arroz, mas é possível também produzir outros produtos – disse Mainardi.
O presidente do Irga, Cláudio Pereira, também pregou a reflexão na atividade, principalmente em detrimento dos últimos resultados anuais na produção de arroz. Segundo Pereira, a monocultura seria o pilar da crise.
– Só o arroz não tem sido suficiente para a sustentabilidade do produtor. O produto tem saltos de produtividade e de qualidade, que não tem sido suficiente para garantir a renda do produtor. A monocultura do arroz é o cerne da crise, pois ela expõe o produtor à vulnerabilidade do mercado e causa prejuízos ambientais. Além da questão econômica, pois ter apenas um produto para vender compromete o produtor – afirmou Cláudio Pereira.
Comparando a produção de arroz com a de carros, o gerente de divisões do Irga, Sérgio Lopes, acredita que é preciso qualificar a produção, para fugir de uma crise cíclica no setor arrozeiro. A solução seria um sistema integrado, baseado em arroz, milho, pastagem e pecuária.
– Se uma fábrica de automóveis produz um modelo que não vende no mercado, o que ela faz? Ela busca melhorar o produto e ter alternativas para vender no mercado. Se o arroz não traz rentabilidade, por que investir nessa cultura? Temos que dar ao produtor a oportunidade de decidir qual a cultura ele vai plantar, sem jamais deixar o arroz de lado – conclui Lopes.
Arroz vermelho e a utilização de microcamalhão
Um dos grandes problemas enfrentados pelo produtor arrozeiro é o arroz vermelho, pois além de aumentar o curso da produção, pode inviabilizar áreas de plantio. Engenheiro agrônomo do Irga, Pablo Badinelli apresentou o microcamalhão, sistema de semeadura de soja que beneficia os produtores no cultivo de arroz e soja em áreas de drenagem superficial prejudicada, como um aliado na produtividade rural.
– O microcamalhão não trabalha sozinho. Com a drenagem superficial e a limpeza dos canais, você poderá plantar a soja de uma maneira favorável. O microcamalhão é para áreas de pouca drenagem – disse Pablo.
A dica do agrônomo ao produtor de arroz que se interessa no investimento de cultivo de soja é o debate do assunto, além da opção por áreas mais altas para tal, já que o processo é bem diferente do plantio de arroz.
O projeto na prática
Falando sobre a implementação de um processo rotacionado de plantação, o produtor João Rubim deu o seu depoimento aprovando a investida em produção de soja no Estado.
– 70% das áreas de arroz vamos disponibilizar para soja, e as áreas de enchente vamos deixar para a pecuária. Assim, você disponibilidade de caixa quando o momento do arroz está ruim. A ferramenta que eu usei é a soja, e com isso o arroz vermelho acabou. Conseguimos ter uma produção sustentável e com um custo muito baixo. Ainda estou de pé – finalizou Rubim.