– Mil e mil e mil e mil e mil, quem dá mais? Se mais não há, vendo por mil reais o cavalo tal da cabanha tal…
Diariamente ele exercitava o matraqueado na invernada, e, assim, isolado do mundo para que ninguém o ouvisse, o estudante se preparou para estrear na profissão de leiloeiro. Às 20h05min de segunda-feira, Bastos deu início à carreira brandindo um martelo de vendedor:
– Sessenta, sessenta, sessenta…quem dá mais!
Com aparelho nos dentes, jeans e sapatênis, a estreia do rapaz de 23 anos não ocorreu em leilão tradicional, com gado em pista, como é a rotina na Expointer. O remate da Tellechea & Bastos vendeu sêmen da raça brangus, em evento promovido com o objetivo de arrecadar dinheiro para a associação de criadores. Mas havia lá mais de uma centena dos mais influentes produtores gaúchos de bovinos de corte, com acepipes, uísque e bom vinho à mesa, em um deck que dá para o passeio elegante de mulheres de chapéu no Boulevard da feira.
Bastos largou bem. Atuou com desenvoltura e, em pouco mais de meia hora, deu cabo da venda dos lotes de sêmen com a agilidade de um experiente. Usou um martelo de metal prateado, embora tivesse herdado do tio, Carlos Alberto Martins Bastos, o Cabeto, um martelo lustroso de madeira. Cabeto foi leiloeiro. Ele, Pedro Tellechea e Fábio Crespo, outros arrematadores renomados do Estado, incentivaram-no a tomar o rumo da profissão, e Pedro Bastos apenas seguiu uma saga que se espalha na família e na Fronteira Oeste.