O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, participou da programação brasileira desta terça-feira (9) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática.
Em entrevista a jornalistas de veículos brasileiros, incluindo o Canal Rural, ele falou a respeito do compromisso assumido pelo Brasil para a redução das emissões de metano, sobre as articulações do país nas negociações e sobre o pagamento por serviços ambientais. Confira.
Acordo para redução de emissões de metano
“O acordo de metano é global, de redução de 30% das emissões. O Brasil já tem na sua NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada, compromisso do país para o acordo climático] o metano como um dos gases a serem reportados. O país aderiu ao acordo para também mostrar que já tem políticas na agricultura de baixo carbono e na própria pecuária, já estando em processo de reduzir as emissões de metano.
Os acordos do clima, normalmente, já têm políticas nacionais, um deles é o metano. Temos também o [programa] Lixão Zero, para eliminação dos lixões a céu aberto, e nós temos a política do Plano ABC, que vai reduzir 1,1 gigatonelada [de emissões] e dentro delas tem metano.
O esforço do produtor é o de fazer uma boa pecuária, e isso já está acontecendo no Brasil. Essa evolução vai reduzir o metano no processo produtivo. Nós entendemos que o Brasil tem políticas [ambientais] melhores que outros países e uma pecuária mais eficiente.”
Articulações do Brasil na COP26
“O Brasil fez um movimento inicial bastante ambicioso e agora nós estamos cobrando dos países desenvolvidos que façam o mesmo em relação ao financiamento climático, especialmente em volumes [de recursos], e na emergência desse financiamento. O Brasil entende que nós precisamos criar uma nova economia verde, baseada na geração de emprego verde. E, para isso, é preciso de incentivos econômicos robustos nessa direção.
Nós estamos negociando e pressionando esses países para que contribuam efetivamente, de forma desburocratizada, para que os países menos desenvolvidos tenham acesso a esses recursos, um acesso real, pois não adianta estarem disponíveis e não conseguir acessar, e depois de acessar, não conseguir aplicar.
Essa é uma reclamação geral dos países que recebem esses recursos, e o Brasil entre eles. A agropecuária vai ser um dos setores que irão contribuir com essa economia verde. Provavelmente num futuro próximo, a agropecuária será positiva em carbono, o que significa que você vai consumir produtos da agropecuária que vão fixar carbono no solo durante o processo produtivo.”
Alternativas para preservação ambiental
“Eu acredito que o Brasil precisa de soluções econômicas para proteger a floresta. O pagamento por serviços ambientais é uma delas. Ter um empreendedor que está pagando todo mês por serviços ambientais para um extrativista no meio da Amazônia, pelo serviço de proteger a floresta, além de comprar a produção dele.
São várias soluções que podem acontecer ao mesmo tempo. E nada melhor que ter o setor privado contribuindo com essas soluções.
Eu acredito que o pagamento por serviços ambientais, remunerar quem cuida de floresta, que vai do extrativista na Amazônia até o produtor rural, que também faz esse papel, é uma das soluções para a gente garantir as florestas preservadas. Lembrando que só os produtores rurais, pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR), têm 280 milhões de hectares [preservados]. A União Europeia inteira tem 427 milhões de hectares, então nós temos aí um volume gigantesco de floresta preservada que tem que ser reconhecido e remunerado.
Dessa forma, nós vamos inverter a “lógica”, [mostrando] que a floresta vale mais de pé, porque você está cuidando dela e sendo beneficiado por essa atividade, de proteger, monitorar e conservar a vegetação nativa.”
Confira mais informações sobre a cobertura do Canal Rural na COP26 no Planeta Campo.