– Nunca existiu tanto dinheiro para a agricultura como agora. Isso vai deixar o produtor mais independente para decidir quando pretende vender sua produção – disse o diretor-administrativo do Banco Regional de Desenvolvimento Extremo Sul (BRDE), José Hermeto Hoffmann.
>> Acompanhe a cobertura completa da Expointer 2013
>> Confira a programação do Canal Rural durante a feira
Também participaram do evento os painelistas Claudio Pereira, presidente do Irga, Gervásio de Paulus, diretor-técnico da Emater-RS, e Auro Kirinus, produtor e vice-presidente da Depressão Central da Federarroz e conselheiro do Irga. A mediação foi feita pelo jornalista Irineu Guarnier Filho.
Sobre o crédito do governo, produtores questionaram a burocracia encontrada para acessar as verbas. Hoffman explicou que, depois de feito o anúncio, é necessário aguardar por todas as regulamentações feitas pelas instituições financeiras.
– Agora, os bancos têm todas as normativas, só depende de análise. O BRDE já tem os recursos disponíveis para a armazenaem – ressaltou. Segundo ele, a armazenagem é um gargalo brasileiro desde a expansão da soja, na década de 70.
Claudio Pereira explicou que a falta de armazenamento próprio é um dos entraves ao desenvolvimento da cadeira produtiva gaúcha. Segundo ele, o governo estadual alinhou, em 2011, mais dois fatores que prejudicam a rizicultura: a dependência do mercado e o grande endividamento (no fim de 2012, o BNDES liberou R$ 1,5 bilhão para amortização das dívidas). Ele também ressaltou o prejuízo gerado pela falência de inúmeras cooperativas nos últimos anos. Para Pereira, o armazenamento não deve ser terceirizado:
– Boa parte dos armazéns privados estão com arroz da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento]. Quando o produtor precisa de um armazém para colocar seu produto, não tem. Entendemos que é estratégico que o produtor tenha um armazém próprio, mesmo que seja coletivo.
Em seu pronunciamento, Gervasio de Paulus, da Emater-RS, destacou que o desenvolvimento da infraestrutura não acompanhou o crescimento da produção nacional de grãos, principalmente nas duas últimas décadas. De acordo com o dirigente, a nível de propriedade, o Canadá armazena até 80% do que produz, os Estados Unidos, 65%, a Argentina, 30%, e Brasil, 15%.
– No Brasil, há 3,5 mil estruturas de armazenagem, que suportam 25 milhões de toneladas, para uma produção nacional que ultrapassa 180 milhões de toneladas.
Paulus citou os programas do governo como alternativas viáveis para o problema:
– Temos um enorme potencial pela frente e hoje existem políticas públicas como o Pronamp, o Pronaf, enfim, linhas que permitem o acesso ao financiamento para a construção dessas estruturas de armazenagem. Mas é importante pensar a nível de propriedade.
O técnico também criticou a terceirização do estoque, que pode acarretar em custos de frete e na perda da qualidade dos grãos.
O produtor Auro Kirinus destacou que o acesso à armazenagem foi facilitada com as lindas de crédito federeais.
– Hoje, podemos armazenar e vender nosso produto no momento certo. O apoio do governo, do BRDE e da Emater, com pequenos projetos voltados ao produtor, axiliam na comercialização.
Na sua propriedade, ele optou pelo modelo de secador de grãos e disse que consegue armazenar 60% da sua produção. Ele destacou a vantagem de vender no melhor momento, poder segurar o grão e não ficar dependente do mercado.
No último domingo, dia 25, o Irga divulgou as perspectivas de produção e área plantada de arroz no Rio Grande do Sul para a safra 2013/2014. O Estado é o principal produtor do cereal no país. O plantio deve apresentar leve crescimento de 2% em comparação com o período anterior. Os produtores gaúchos devem semear 1,100 milhão de hectares ante 1,079 milhão de hectares em 2012/2013. Nesta safra a expectativa é que a produtividade aumente 3,2% passando de 7.497 quilos por hectare, para 7.733 quilos por hectare.
Com a realização do Irga e do Canal Rural, o evento foi o segundo fórum transmitido ao vivo da Expointer, diretamente do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, no Rio Grande do Sul.
>> Leia sobre o fórum “A diversificação que está mudando o perfil da lavoura de arroz”