Situação de extrema pobreza no campo tem que ser analisada pelo Estado, diz Pepe Vargas

Ministro do desenvolvimento agrário foi um dos participantes do Fórum Canal Rural sobre sustentabilidade na agricultura familiar nesta quarta, durante a ExpointerCom o tema "Sustentabilidade na agricultura familiar", o primeiro Fórum Canal Rural desta quarta, dia 29, realizado na Casa RBS na Expointer, abordou a questão social e a pobreza no campo como um desafio para promover a produção sustentável pelos pequenos produtores.

O debate contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, do professor da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), Uwe Schulz, e do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercílio Broch.

Pepe Vargas destacou os principais problemas atuais que envolvem a agricultura familiar, e afirmou que o Estado ainda precisa analisar questões como a pobreza nas propriedades e o êxodo rural, principalmente dos jovens.

– Temos produtores em situação de extrema pobreza, e as soluções devem ser diferenciadas em cada um desses públicos. Evoluímos muito nos últimos anos, em relação às políticas públicas para a agricultura familiar e programas governamentais. Temos uma migração forte junto à juventude rural, e isso se dá por várias razões, sem causa única. Dois deles são a falta de autonomia financeira e acesso ao lazer e aos meios de comunicação e tecnologia. Todos estes são assuntos que devem ser analisados separadamente – concluiu.

Contrário ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Alberto Broch, presidente da Contag, acredita que as políticas públicas não são suficientes à família rural.

– As políticas públicas não são suficientes e precisam ser readequadas, para que possam corresponder à ideia central, da sucessão rural. Elas devem facilitar os recursos à família de trabalhadores rurais – diz Broch.

Para Pepe Vargas, os três eixos fundamentais devem ser avaliados para o sucesso da agricultura familiar.

– Temos que trabalhar os três eixos da sustentabilidade, econômico, social e ambiental, para qualificar a agricultura familiar, um conceito definido por lei – disse Pepe.

O presidente da Contag destacou ainda a questão dos valores familiares, acreditando que a agricultura deva ter um rosto, e não ser fundamentada na tecnologia.

– Onde produzimos alimentos, produzimos também cultura. Temos valores preservados, da vida e da comunidade. Todos esses valores inerentes à cultura do nosso povo devem ser preservados. Hoje em dia, temos tecnologias que substituem os produtores, mas é isso que nós queremos? Acredito na agricultura com rosto, com pessoas no trabalho – finalizou.

Perguntado sobre o Novo Código Florestal, Pepe Vargas afirmou que o bom senso deve prevalecer, sem tirar as condições necessárias de quem busca produzir.

– O código prevê a prestação de serviços ambientais. O produtor, então, poderá ser remunerado através de cotas de reserva ambiental – finalizou o ministro.