O debate contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, do professor da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), Uwe Schulz, e do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercílio Broch.
Pepe Vargas destacou os principais problemas atuais que envolvem a agricultura familiar, e afirmou que o Estado ainda precisa analisar questões como a pobreza nas propriedades e o êxodo rural, principalmente dos jovens.
– Temos produtores em situação de extrema pobreza, e as soluções devem ser diferenciadas em cada um desses públicos. Evoluímos muito nos últimos anos, em relação às políticas públicas para a agricultura familiar e programas governamentais. Temos uma migração forte junto à juventude rural, e isso se dá por várias razões, sem causa única. Dois deles são a falta de autonomia financeira e acesso ao lazer e aos meios de comunicação e tecnologia. Todos estes são assuntos que devem ser analisados separadamente – concluiu.
Contrário ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Alberto Broch, presidente da Contag, acredita que as políticas públicas não são suficientes à família rural.
– As políticas públicas não são suficientes e precisam ser readequadas, para que possam corresponder à ideia central, da sucessão rural. Elas devem facilitar os recursos à família de trabalhadores rurais – diz Broch.
Para Pepe Vargas, os três eixos fundamentais devem ser avaliados para o sucesso da agricultura familiar.
– Temos que trabalhar os três eixos da sustentabilidade, econômico, social e ambiental, para qualificar a agricultura familiar, um conceito definido por lei – disse Pepe.
O presidente da Contag destacou ainda a questão dos valores familiares, acreditando que a agricultura deva ter um rosto, e não ser fundamentada na tecnologia.
– Onde produzimos alimentos, produzimos também cultura. Temos valores preservados, da vida e da comunidade. Todos esses valores inerentes à cultura do nosso povo devem ser preservados. Hoje em dia, temos tecnologias que substituem os produtores, mas é isso que nós queremos? Acredito na agricultura com rosto, com pessoas no trabalho – finalizou.
Perguntado sobre o Novo Código Florestal, Pepe Vargas afirmou que o bom senso deve prevalecer, sem tirar as condições necessárias de quem busca produzir.
– O código prevê a prestação de serviços ambientais. O produtor, então, poderá ser remunerado através de cotas de reserva ambiental – finalizou o ministro.