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Em seu pronunciamento, Ivar Pavan elencou quatro indutores que fazem o jovem optar pela migração para as cidades. Segundo ele, a educação associada ao modelo de desenvolvimento econômico, a infraestrutura rural, a maior oferta de emprego urbano e o direcionamento equivocado de políticas públicas são os fatores que influenciam o êxodo.
– Nossa escola é uma das grandes indutoras a tirar o jovem rural do campo e o transformar em mão de obra urbana – ressaltou, acrescentando que mesmo as instituições de ensino e as universidades agrárias preparam o jovem para empresas urbanas, e não para a sucessão familiar e para a produção própria.
– Produzir matéria-prima não estimula o jovem a retornar à propriedade. Ele tem gosto para ser dono do processo de produção.
Sobre a infraestrutura rural, ele enfatizou:
– Se as pessoas reclamam do sistema de telefonia em Porto Alegre, imagine em 331 municípios que têm menos de cinco mil habtantantes. Uma agroindústria afastada dos centros consumidores não consegue vender sua produção sem estradas, energia e comunicação (internet e telefone). O jovem rural precisa de acesso à informação – disse Pavan. Quanto às políticas públicas, o secretário destacou que elas precisam contemplar o modelo de vida de agricultor.
Para resolver os conflitos relacionados à educação, Adair Pozzebon citou uma alternativa de êxito no Estado: a pedagogia da alternância, com as implementação de Escolas Famílias Agrícolas (EFAs). Essa linha didática trata de mesclar conhecimentos da escola e da propriedade rural, no qual o jovem passa um tempo no colégio e outro em casa com a família.
– A pedagogia da alternância nasceu de uma necessidade comum da agricultura familiar. A escola não é o único núcleo do conhecimento. Ele também está na agricultura, na propriedade, na família. O agricultor também é detentor de conhecimento, também acrescenta à formação do jovem.
Pozzebon explica que, com essa pedagogia, o jovem parte de sua realidade (não da realidade urbana, que forma a maior parte dos currículos escolares) e pode oferecer propostas para que a família evolua dentro da propriedade.
– Para buscar sucessão rural e alternativas para o campo, deve-se ficar dentro da agricultura – sublinhou.
O presidente da Fetag, Elton Weber, citou um estudo feito pela instituição entre 2007 e 2008, que entrevistou três mil jovens rurais. A pesquisa indicou que 37% dos entrevistados gostaria de permanecer na agricultura, mas que o número aumentaria para 68,5% caso houvesse garantia de renda e informação no meio rural.
Ele destacou que a Fetag tem incentivado a sucessão rural com apoio às Escolas Famílias Agrícolas e à agroindústria. Segundo ele, “os pais precisam olhar os filhos como sócios e sociais”.
Já Valdir Zonin, em nome da Secretaria da Agricultura, fez críticas à grande mídia nacional, que “não está preocupada em valorizar o jovem rural”, ao Senado ea o Congresso, que “há pouco começaram a incentivar a sucessão no campo”. Ele também concordou que a infraestrutura, principalmente no setor de energia, é um dos entraves à permanência dos jovens nas propriedades.
– A questão cultural, para mim, é maior que todas as outras – enfatizou.
Legislação trabalhista
Um dos pontos debatidos no seminário foi a interpretação da legislação trabalhista brasileira nas atividades agropecuárias. De acordo com os painelistas, há uma confusão entre exploração e trabalho infantil com auxílio à família na agricultura.
– A legislação não contempla a especificidade da agricultura familiar, que é muito diferente de outras atividades. Qual o problema de o jovem, com 13, 14 anos, executar algumas tarefas na propriedade, auxiliar seu pai? Se não aprende cedo, o ele não tem interesse e nãop consegue assimilar depois dos 18 anos. É necessário analisar a questão. As leis trabalhistas podem funcionar em outras coisas, mas na agricultura familiar é diferente. É necessário dar oportunidade para que ele queira trabalhar no campo e estudar ao mesmo tempo – destacou Ivar Pavan.
Nos últimos 10 anos, cerca de 276 mil agricultores gaúchos saíram do campo. Segundo o IBGE, apenas 15% da população gaúcha se mantém no meio rural. Em âmbito nacional, mais de 80% da população vive no meio urbano, número maior em relação a países como Canadá e Estados Unidos.
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