– A rentabilidade do cultivo caiu e outros Estados entraram na produção, como Goiás e Mato Grosso. E intensificaram o plantio, porque o clima lá é melhor, o risco é menor e no Centro-Oeste tem três plantios por ano. Aqui na região são só dois – avalia.
Houve, no entanto, redução na oferta da cultivar e os preços valorizaram. Segundo o Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), a saca de 60 quilos do feijão carioca chega a R$ 145,00.
– O agricultor chegou a receber R$ 40,00 a R$ 45,00 a saca, com um custo de R$ 90,00, e isso foi se reproduzindo nas safras seguintes, a safra da seca, de inverno. E quando o preço passou a ser estimulado, a partir do segundo semestre, tentou-se correr para este plantio. Só que precisava de sementes. E o veranico e a chuva atrapalharam. Então, tinha uma oferta menor – afirma o pesquisador do IEA, José Sidnei Gonçalves.
Outro motivo que faz o feijão perder espaço para outras culturas é a colheita manual. O produtor Celso Ventura relata que começará a colher o feijão plantado entre setembro e outubro nos próximos dias. E diz que faltará mão de obra.
– Não tem gente. Você fica no campo esperando chegar pessoal e vem muito pouco. Não tem condições de trabalhar mais. Não tem o que fazer. Se você não arrancar o feijão com a mão humana, se não consegue bater para tudo – lamenta.
Ventura lembra que a solução é cara. A máquina utilizada para a colheita mecanizada custa em média R$ 700 mil e, para poder utilizá-la de forma correta, é preciso preparar a terra no momento do plantio.
– Você tem que comprar mais uma máquina, fora a colheitadeira. Planta e passa o rolinho para deixar a terra bem uniforme, para depois você colher sem problema. Já compramos a colheitadeira e o rolinho para trabalhar na mecanização, sem mão humana – conta.
Com investimentos dos produtores em tecnologia, a produtividade aumentou na última década, apesar de ter havido redução na área plantada no Estado. Conforme Gonçalves, a medida é uma tendência nas lavouras.
– Tem uma eliminação progressiva dos pequenos. Quem não se profissionalizar no feijão vai ficar fora. Se tem hoje produtor com 600, 770 quilos por hectare, 10 sacas por hectare, tem agricultor de 4,2 mil quilos por hectare irrigado, que é 70 sacas por hectare. Sete por um é uma goleada impossível de sustentar. Dois mil quilos por hectare. Abaixo disso vai ser difícil sustentar. Para qualidade e preço, quanto maior a escala, menores os preços – aponta.