MAIS MILHO

Cenário atual em MT para o milho aponta margem negativa na safra 2023/24, revela Imea

Lajida previsto para a próxima temporada volta aos patamares negativos do ciclo 2017/18 para o milho

Nem bem a safra 2022/23 de milho terminou de ser colhida em Mato Grosso e os produtores já estão de olho na próxima temporada que promete ser ainda mais desafiadora. O motivo da apreensão é decorrente aos custos elevados e a desvalorização do grão, que no cenário atual apontam para uma safra 2023/24 de margens negativas.

O desafio de fechar as contas no campo foi comprovado em números pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que apresentou nesta terça-feira (29) as primeiras projeções para a safra 2023/24. Os números constam no projeto Rentabilidade no Meio Rural, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) com a colaboração técnica do Imea e da Embrapa Agrossilvipastoril.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O levantamento mostra que o custo total do milho alta tecnologia em Mato Grosso na safra 2022/23 foi de aproximadamente R$ 5,6 mil por hectare, cerca de 27,6% superior ao registrado na temporada 2021/22. Para a safra 2023/24 a expectativa é de um aumento de 7,3% no custo total, que pode passar de R$ 6 mil.

Enquanto os custos sobem, o valor da saca de 60 quilos na safra 2022/23 apresenta uma desvalorização de aproximadamente 50% desde o início da sua comercialização. O cenário negativo é visto, também, na safra futura cujas vendas antecipadas estão em ritmo lento. Segundo o Imea, a queda para a safra 2023/24 da saca de 60 quilos já aponta 36%, de R$ 48,82 para R$ 31,22.

Produtor precisa colher mais para fechar COE

Com a equação de custos elevados e preço em queda, as contas do produtor acabam não fechando. A expectativa do Imea, inclusive, para se conseguir cobrir o chamado custo operacional efetivo (COE) é de que o produtor tenha de colher mais que na safra 2022/23.

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Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Conforme o coordenador de inteligência de mercado do Imea, Rodrigo Silva, o ponto de equilíbrio da safra 2023/24 está em 118 sacas por hectare, volume acima da média da temporada 2022/23 de 113 sacas, considerado recorde.

O ponto de equilíbrio nada mais é que a produtividade que o produtor precisa colher para arcar com os custos operacionais efetivos. Na safra 2022/23 foram necessárias cerca de 85,7 sacas por hectare.

Lajida volta aos patamares da safra 2017/18

O Imea pontua ainda que com o ponto de equilíbrio mais elevado, o chamado Lajida, um indicador de Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, se apresenta negativo, à exemplo do visto na temporada 2017/18.

Na safra 2021/22 o Lajida do milho em Mato Grosso foi de R$ 2.871,68, reflexo da demanda do milho, tanto no mercado internacional quanto no mercado interno, que levaram ao aumento do preço do milho. Já na safra 2022/23 o Lajida de uma propriedade modal de Mato Grosso reduziu em 44,15% e ficou estimado em R$ 1.603,79 por hectare. Para a safra 2023/24, com a alta projetada no custo de produção e, principalmente, a queda no preço do cereal para a próxima temporada, é previsto um valor negativo de R$ 15,37 por hectare.

“Para a próxima safra se o produtor não tiver uma rentabilidade média e os custos médios ele já está negativo. Então realmente é um desafio. O produtor ter que buscar alternativas para tentar mudar esse cenário. São duas possibilidades para isso. A primeira seria produzir mais que a média do estado e a outra tentar reduzir os custos para baixar essa linha do custo operacional efetivo”, diz o superintendente do Imea, Cleiton Gauer.

 

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