A abertura de mercado do milho pela China precisa ir além do grão in natura e agregar seus co-produtos, como o DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), produzidos pelas usinas de etanol a partir do cereal. Para o setor sucroenergático, tal possibilidade traria agregação de valor para o produto, geração de investimentos, emprego e renda.
O Direto ao Ponto desta semana recebeu o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, que entre vários pontos ligados a produção do biocombustível, destacou a abertura do mercado da China para o cereal.
Na avaliação de Nolasco a decisão da China é bem-vinda, contudo é um assunto que merece a atenção, não apenas da indústria de etanol, mas também do setor de proteína animal e do próprio produtor de milho.
“É importante a China comprar milho nosso, mas a gente não pode por todos os ovos na mesma cesta”, diz Nolasco.
Conforme ele, a cautela é para não criar uma dependência do mercado, uma vez que pode ocorrer uma movimentação de redução e/ou suspensão por parte do país asiático, como já visto no setor da carne bovina. “Queremos sim (que compre do Brasil) e estamos construindo uma relação com o Ministério da Agricultura para vender o DDGS, um produto Made in Brasil com valor agregado”.
Biocombustível vai além de preço
O mercado interno de combustíveis vive um momento de ajustes com a redução de preços do etanol e da gasolina, diante medidas dos governos Federal e Estadual visando minimizar o bolso do consumidor.
Nolasco pontua que muito mais que o preço nas bombas de combustíveis, é preciso olhar para o biocombustível com outros olhos. “Ele traz benefícios, principalmente, para os países que assinaram na COP de Paris o compromisso de redução das emissões de gases de efeito até 2050”.
Mercado do etanol de milho no Brasil
O Brasil conta hoje com 17 usinas com produção de etanol de milho, das quais 10 flex (milho e cana-de-açúcar) e sete full (apenas utilizando o cereal). Juntas devem consumir na safra 2022/23 um volume de 10,38 milhões de toneladas de cereal no país.
Ainda de acordo com a Unem, somente em Mato Grosso são 10 usinas em operação, sendo três flex e sete full, tendo um consumo de milho previsto de 7,7 milhões de toneladas para o ano safra 2022/23.