O atraso na janela da semeadura em boa parte dos milharais e o clima desfavorável durante o desenvolvimento da cultura são apontados como principais causas da frustração com o desempenho das lavouras plantadas na região de Jaciara, sudeste de Mato Grosso. Em algumas fazendas, a produtividade média gira entre 80 e 85 sacas por hectare nos primeiros talhões colhidos, deixando os produtores apreensivos quanto à rentabilidade da safra.
A preocupação dos produtores de Jaciara com a produtividade de milho, além dos custos de produção e valor pago hoje pela saca de 60 quilos, é o tema do episódio 96 do Patrulheiro Agro.
Com 1,1 mil hectares plantados de milho nesta segunda safra, o agricultor Gilson Provenssi colheu 12% apenas da área. Ele conta que costuma até os dias 25, 28 de janeiro costuma estar com 90% a 95% da área cultivada. Entretanto, a semeadura do cereal esse ano atrasou em decorrência da soja.
“A soja não amadurava. Atrasou 20, 30 dias a colheita. Acabou faltando chuva em maio e junho, então o grão não encheu direito. Está um aspecto bonito, mas na hora em que você coloca na balança ele não está produzindo o que aparentava produzir”.
Situação de preocupação também é vista na propriedade do agricultor Ereno Giacomelli. Por lá foram cerca de 840 hectares destinados ao cereal nesta safra.
“O milho se perdeu a arrancada dele, que é onde ele mostra a produtividade, você jogou o nutriente, a adubação, a cobertura e a chuva levou… Então, você já sabe que esse milho vai aparentar estar bonito na palha, mas a produtividade vai ficar comprometida”, diz Giacomelli.
Produtores adotam escalonamento de colheita e escoamento
Para tentar garantir a padronização de umidade na produtividade do milharal, minimizar as perdas e economizar no custo de armazenagem, produtores em Jaciara estão adotando o escalonamento tanto de colheita quanto de escoamento dos grãos.
O agricultor Ereno Giacomelli comenta que não possui silo na propriedade, contudo há dois anos adotou o silo bolsa como alternativa de armazenamento. Ele pontua que parte do milho colhido vai para o silo bolsa e outra para um silo em uma fazenda vizinha.
“Vai intercalando, porque você está colhendo a nata, o filé. Quanto mais para a frente, metade e final da colheita a situação fica crítica e negativa. Precisava colher 130, 140 sacas, mas nós estamos colhendo, se fechar, 80, 85 sacas”.
Conforme o produtor Rogério Berwanger, em Jaciara os agricultores tinham a esperança de colher uma safra cheia.
“Não vai ter aquela produtividade que tivemos no ano passado em algumas áreas. E o que a gente nota é que o comprador também mudou um pouco a maneira de comercializar. Está comprando lentamente. Então, isso também é um agravante para faltar aquele espaço. O produtor também vai ter que se adequar. Se ele não se adequar vai virar esse caos que está hoje. Pouco espaço, soja para tirar, não embarca soja, soja competindo com o milho bem na parte da safrinha, bem no momento crucial e o milho precisando ser tirado da lavoura”.
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