A possibilidade de escassez na oferta global de milho tem movimentado o mercado do grão nos últimos dias. Em Mato Grosso, cuja perspectiva é colher 50,15 milhões de toneladas, os agricultores estão confiantes numa retomada dos preços pagos pelo cereal.
Na região de Jaciara o preço médio da saca de milho atualmente é de R$ 37. O valor é maior que o praticado na semana passada.
O agricultor Jorge Piccinin Filho colheu quase metade dos 4,7 mil hectares destinados ao milho nesta temporada 2022/23. Segundo ele, tanto o preço quanto a produtividade média registrada até o momento tiram o seu sono. Ele pontua que esperava um rendimento melhor do milharal para garantir os custos e a rentabilidade da lavoura.
“A gente esperava no mínimo umas 140 sacas por hectare. Estamos colhendo ainda, mas vai baixar muito. Como na soja atrasou o ciclo, acabamos plantando um pouco mais tarde o milho aqui na região. Aonde pegou as últimas chuvas a produtividade está boa, mas aonde não pegou está ruim. O valor da saca caiu muito, precisa de um bom preço já que a produtividade não vai ser boa igual a gente esperava”, diz Jorge.
Guerra e clima ligam sinal de alerta para escassez
A guerra entre Ucrânia e Rússia e os efeitos do clima adverso nos principais países produtores do grão podem mudar o atual cenário do mercado do milho, na avaliação da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Na última semana, como destacado pelo Canal Rural Mato Grosso, a entidade alertou para o risco de escassez na oferta global do cereal.
Entre segunda e sexta-feira da semana passada, o valor médio da saca disponível no estado subiu 3,5%, chegando a R$ 33,06.
A notícia trouxe certo alívio e otimismo no campo, principalmente para quem adotou a estratégia para deixar para vender a maior parte do milho mais tarde apostando em uma reação de preços da commoditie diante do atual cenário de ofertas praticado no mercado.
É o caso do produtor Giovanni Fritsch. Ele revela ter comercializado apenas 30% antecipadamente da produção dos 3,4 mil hectares do milharal que está colhendo.
“O preço está meio ruim. Um preço de R$ 40, R$ 41, R$ 42 que foi comercializado, é umas 100 sacas para você empatar. Do jeito que está hoje se não melhorar em nada, a colheita indo bem, paga a conta. Mas, você praticamente não vai ganhar nada. Vai passar o ano só pagando para trabalhar. Eu acredito que dentro de um mês, dois meses vai subir 10%, 15% esse milho por conta da guerra e da safra americana que também não anda muito bem para eles lá”.
Quem também está com as vendas mais adiantadas também está de olho nas novas oportunidades e com expectativa de negociar bem o restante da produção.
O agricultor Jorge Diego Giacomelli comercializou cerca de 70% da safra. “Vendemos em um preço interessante no começo, depois despencou e precisamos continuar vendendo para manter os custos da fazenda. Agora com essa notícia o mercado já deu uma reagida. As tradings já começaram a ligar fazendo ofertas mais interessantes. Então, isso ajuda para a gente fazer a nossa média de venda e tentar equiparar os custos que foram muito altos”.
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