O estado da Bahia é quarto maior produtor de laranja do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a última Pesquisa Agrícola Municipal (PAM 2023), a produção da citricultura no estado cresceu 6,95%.
Nesse quesito, o município que mais produz laranja na Bahia é Rio Real, no Nordeste do estado. Em 2023 foram produzidas 251.430 toneladas.
Por lá, pequenos produtores estão se destacando no segmento. A região também tem atraído os empresários do Sul e Sudeste.
O Luan Roger é um dos pequenos citricultores que está com bom faturamento. Ele cultiva Laranja-pera em apenas 1 hectare, no assentamento José Eliseu dos Santos, em Rio Real.
“Eu já estou conseguindo produzir praticamente 15 quilos por planta, inicialmente para o ano dela, que só tem dois anos e sete meses”, conta Luan.
Gestão para crescer
O negócio do Luan e de outros pequenos citricultores locais só começou a ir bem, quando ele aprendeu a ter uma boa gestão.
A partir daí, já colheu quase dez toneladas de laranja, dos 400 pés plantados, num trabalho que envolve toda a família.
Durante entrevista, bem-humorado, Luan até brincou sobre como tocava o negócio sem ter noção dos gastos e retorno.
Quando você procura abrir a mente para aprender e aplicar o que você aprende, é algo que dá resultado. Quando eu passei a botar tudo na ponta do lápis, eu até me assustei, porque eu digo: poxa, já movimentei tanto recurso na minha propriedade desse jeito! Aí quando eu destrinchei, eu dizia brincando: tava rico, fiquei pobre! – Luan Roger, citricultor
A mãe dele, Marielza Santana Gama, mostra orgulhosa o pomar e tudo que planta por lá. Além disso, defende e “vende o peixe”, do que é produzido:
Nossos frutos aqui são de primeira qualidade, de primeira mesmo. E é doce, docinha, boa mesmo”, disse.
Vizinho do luan, o Reginaldo Corsino é outro que está colhendo bons frutos com alta produtividade.
Com os pomares baianos livres de pragas como greening, o valor da tonelada passou de R$ 900 para aproximadamente R$ 2.300 em 1 ano.
A produção de Laranja-pera no pomar do Reginaldo saltou de 12 toneladas no início do cultivo, para 35 toneladas por hectare em 2024, em quase 6 hectares de área plantada. Números que possibilitaram a sustentabilidade financeira do negócio rural.
Hoje a gente já saiu do vermelho e nós temos uma margem que dá para trabalhar sem precisar fazer empréstimo no banco para fazer o investimento na laranja, porque hoje aqui não tem outra cultura que a gente possa investir para dar o retorno que nem está dando na laranja hoje. – Reginal Corsino, citricultor
Segundo ele, 70% da produção, vai para o estado de São Paulo. Para o produto deles chegar tão longe, o Reginaldo e o Luan contam com a assistência do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Assistência
José Marcio Carôso, coordenador de programas da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), explica que inicialmente mais de 260 municípios foram atendidos pelo Senar com capacitação técnica e cursos de gestão de negócios.
“Hoje a gente está em torno de 164 produtores atendidos pela Assistência Técnica e Gerencial, nessa região, no Norte da Bahia aqui, próximo a essa região de Rio Real”, explica Carôso.
Apesar dos números crescentes, a Bahia ainda tem um longo caminho a percorrer. O estado de São Paulo, por exemplo, lidera a produção de laranja no Brasil, com mais de 13 milhões de toneladas, seguido dos estados de Minas Gerais e Paraná.
A Bahia é o quarto no ranking, de acordo com a PAM 2023, com uma área plantada da laranja de 49.289 hectares e uma produção de 610.084 toneladas.
Carôso explica ainda que o preço em alta e a alta incidência do Greening nos pomares de São Paulo, está favorencendo o investimento de empresários do Sul e Sudeste no estado.
“Com o preço em alta como está, e o problema do Greening em São Paulo, então esses produtores estão mandando as frutas para São Paulo e hoje já tem alguns produtores de São Paulo investindo na região, comprando terras, para produzir a laranja aqui”, disse Carôso.
Além do trabalho dos pequenos, há também exemplos de grandes produtores, o que aumenta a expectativa de crescimento do setor no estado.
O engenheiro agrônomo, Marciel Germano, representa uma empresa que possui cerca de 600 mil plantas.
“Hoje nós estamos com 600 mil plantas, algo em torno disso, mais ou menos mil hectares e temos uma produção anual de 100 kg planta. Acredito que a Bahia tem um bom potencial de crescimento e tenho certeza que vai impulsionar bastante a produção citrícola aqui”, finaliza Germano.
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