O ano não foi fácil para os produtores, apesar de recordes e boa produtividade na safra 2022/23, no Matopiba. Até o momento a safra de grãos em 2024, o próximo ciclo deve ser desafiador, a única certeza conforme dados é a perda de área plantada do milho.
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em área plantada, no Piauí a soja ocupou 960.945 ha, Maranhão 1.167.169 ha, Tocantins, 1.305.176 ha e a Bahia, 1.905.000 ha, que gerou uma produção de 19.043.000 toneladas do grão na região.
De acordo com Rafael Maschio, diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja do Piauí, no estado a safra foi “excepcional”.
A safra 2022-23, foi uma safra excepcional aqui pro Piauí. não diferente dos demais estados do matopiba, né?então tivemos produtividade e produção recorde em função desses 2 fatores, incremento de área e recorde de produtividade. o piauí chegou lá nos 3 milhões e meio de toneladas de soja”, disse.
Queda no preço
O clima favoreceu o resultado positivo, principalmente na Bahia, que nos últimos três anos, vem superando os recordes, no entanto, o preço da oleaginosa foi como uma pedra no sapato para os produtores, como explica o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb).
“A safra do ponto de vista de produção foi muito boa do ponto de vista de produtividade também. Nós tivemos uma das maiores produtividades do Brasil. Agora, o grande problema foi o do mercado, de preço, né? Nós tivemos uma queda significativa no preço da soja e chegamos a vender soja a R$ 160, R$ 170 e em alguns momentos ela chegou a cair por volta de R$ 100, R$110, R$120 reais. Então você imagina, do ponto de vista do fechamento da conta do produtor”, explica Humberto.
Segundo Miranda, a remuneração caiu bastante em virtude do aumento do preço de insumos nos custos de produção e do preço que baixou muito na questão das commodities no mercado internacional.
Mudanças climáticas
Apesar das estimativas de crescimento de área plantada, 2024 ainda apresenta um futuro incerto, principalmente em áreas de sequeiro, que dependem das condições climáticas.
Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, explica que a tendência não é tão animadora, já que o El Niño tem impactado na preciptação de chuvas.
“As chuvas vão chegar abaixo da média, temperaturas vão se manter elevadas e quando a temperatura do solo já fica acima de 40°, já afeta a produtividade e com essas anomalias de aquecimento aí que ocorreram durante todo o Brasil durante 2023. A temperatura do solo em alguns pontos, chegou a bater a 70°c e pode causar tombamento nas lavouras, então é uma situação perigosa e parar oleaginosa e para esse início de desenvolvimento”, explica.
Ainda de acordo com o IBGE, a projeção para 2024 é de mais de 18.371.375 toneladas da oleaginosa, 3,5% a menos que a safra 2022-23; a produtividade também deve cair.
Retração do milho
Outro importante grão que também foi impactado pelo clima e outros fatores mercadológicos, é o milho. No Matopiba foram 10.303.312 toneladas produzidas na safra 2022/23, somando 1ª e 2ª safra.
Na Bahia a Associação dos Agricultores e Irrigantes, projetou uma redução 38% na área plantada para a commodity, com 138 mil hectares.
Para o produtor Amauri Stracci, a área que seria para o grão será ocupada com soja. “O milho esse ano, em função dos custos, está muito elevado e um baixo preço. O que a gente tem feito, pela média, nossa produtividade, ele não paga a conta dele”, disse.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento e Faeb, o preço médio do milho até outubro de 2023, caiu mais de 34% em relação a janeiro.
Chegou ao menor patamar em junho e não conseguiu recuperar. Foi de R$ 70 para menos de R$ 50 a saca.
As projeções para o próximo ano são de uma redução de 5,5% na produção.
“O milho safra e milho safrinha, uma condição excepcional na última ano safra 2022-23, diferente desse ano que está preocupando já”, comenta Rafael Maschio.
Por outro lado, no sul do Maranhão, a implementação de uma indústria de etanol a partir do milho, traz esperança aos produtores.
“Está acontecendo no sul do estado, especificamente em Balsas, que é a Inpasa, uma empresa produtora de etanol a partir do milho, essa empresa, ela vai esmagar cerca de 50 mil sacos de milho por dia vai precisar de 1 milhão de toneladas”, conta Raimundo Coelho, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema).
Fica a expectativa de todo o setor para próxima safra no Matopiba, que de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), somente com a soja representa 12,4% do total produzido no Brasil.
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