Em uma fazenda localizada em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, após a colheita da soja e do milho, aproximadamente três mil cabeças de gado são introduzidas no campo.
Esses animais desempenham um papel fundamental na manutenção do solo, na geração de receita e na produção agrícola, como parte do sistema adotado na propriedade, conhecido como integração lavoura-pecuária (ILP).
Esse método vem sendo utilizado no local há mais de 10 anos, e dos quase 19 mil hectares de área plantada, cerca de 5 mil hectares de milho da safra 2022/2023 foram cultivados seguindo esse modelo, que promove a recuperação do solo arenoso característico da região.
Fernando Mroginski, gerente de produção, destaca os benefícios desse sistema: “Nosso objetivo é sempre aumentar a produtividade e reduzir custos de alguma forma, e o sistema ILP permite isso. Ele melhora a fertilidade do solo, a reciclagem de nutrientes, a taxa de infiltração e o armazenamento de água no sistema, além de oferecer proteção para as lavouras. Com certeza, é o melhor seguro que temos.”
Esse ciclo de reaproveitamento também contribui para a introdução do sistema de plantio direto no ambiente semiárido, agregando valor à produção agrícola.
Dependendo das características das propriedades, florestas também podem ser integradas, tornando o sistema ainda mais completo, conhecido como integração lavoura-pecuária-floresta (ILP).
Carlos Quintela, diretor da Land Innovation Fund, destaca as vantagens desse sistema:
“Existem grandes benefícios, do ponto de vista social, pois envolvem diversas atividades; é possível implementar em diferentes escalas. Do ponto de vista ambiental, requer menos uso de insumos externos e químicos, tornando-o muito mais sustentável, com maior proteção do solo. E do ponto de vista econômico, permite ter uma diversidade de produtos e culturas, atuando em conjunto e fortalecendo uns aos outros.”
Luiz Henrique Varzinczak, analista ambiental, afirma que os chamados “negócios verdes” em propriedades que adotam esse tipo de sistema podem contribuir para o mercado de carbono:
“Os produtores podem se adequar e ingressar nesse mercado por meio da preservação de áreas de reserva legal e áreas de proteção permanente, além de adotarem práticas mais sustentáveis em sua cadeia produtiva, no cultivo, na pecuária e em tudo relacionado à sua produção agrícola.