Originalmente do estado do Amazonas, é da Bahia que sai a maior produção de guaraná do Brasil. Há mais de 30 anos produzindo a fruta, as fazendas Karina e Jacarandá, na zona rural de Ituberá, no sul da Bahia, participam de uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com uma nova variedade, a BRS Noçoquém, que promete maior produtividade e qualidade genética.
As fazendas são herança dos pais do jovem agricultor Leonardo Araújo, 26 anos, e do irmão, de 35, Paulo Vitor Araújo. As lavouras produzem guaraná 100% orgânico em uma área de 72 hectares.
A expectativa para a safra 2023 é que juntas, as duas propriedades produzam cerca de 10 toneladas. A floração começa em setembro e depois de 2 meses, a colheita dos frutos iniciando no final de novembro, sendo concluída em março.
De acordo com Leonardo Araújo, as fazendas possuem certificação IBD (Instituto Biodinâmico) de produto 100% orgânico, para o mercado brasileiro, americano e europeu.
Uma das características da produção do guaraná nas propriedades, é o manejo por sementes, que apesar do tempo maior para comercialização – em média 5 anos para a geração de frutos, na comparação do plantio por estaca que gira em torno de 2 a 3 anos – promove a fortificação do solo, prodominantemente irregular na Bahia.
O objetivo é de que em 6 anos, as propriedades passem a registrar uma produção de 50 toneladas por ano, graças a uma parceria de desenvolvimento e aperfeiçoamento promovido pela Embrapa.
O produtor explica que a planta precisa de muitos cuidados para ter uma boa produtividade, principalmente por conta das características da planta.
“Uma planta com boa genética e bom cuidado vai atingir um quilo por pé, mas há plantas excepcionais que batem três, quatro quilos, isso com muito cuidado. Numa média geral, é muito menor do que isso, porque o guaraná requer muitos cuidados ao longo do ano que se não forem feitos podem cair com a produção pela metade, como por exemplo, a poda que precisa ser feita anualmente porque o guaraná só dá em ramificações nova”, conta.
Pesquisa
A parceria da Embrapa com a Guaraná do Brasil, empresa criada pelos irmãos, foi iniciada pelo falecido pai, Luciano Araújo e antigo proprietário das fazendas no ano de 2000.
Atualmente, buscam em conjunto a melhoria de preços no mercado, aperfeiçoamento e melhoramento genético da cultura.
De acordo com André Luiz Atroch, pesquisador da Embrapa, lançado em dezembro de 2021, o desenvolvimento da BRS Noçoquém foi feito dentro do programa de melhoramento genético do guaraná, da Embrapa Amazônia Ocidental e levou 20 anos de estudos.
O objetivo da pesquisa é desenvolver variedades de guaraná com ampla adaptabilidade, boa estabilidade, alta produtividade de sementes e com boas qualidades industriais, como teor de cafeína mais elevado.
André Luiz Atroch, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental
Além da Bahia, o projeto abrange os estados de Pernanbumco, Piauí e Sergipe no nordeste, e Amazonas e Acre, no norte do país.
Mais produtividade
A expectativa entre a Embrapa e agricultores é uma melhor produtividade com a BRS Noçoquém, uma vez que, esta é a primeira espécie de guaraná com propagação por sementes do mundo, com uma média 2,3 kg podendo alcançar 3 kg por pé.
“A diferença da BRS Noçoquém para as variedades usadas pelos produtores na Bahia é justamente o seu alto padrão genético, que vai proporcionar melhores produções”, pontua o pesquisador, André Luiz Atroch.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Bahia é o estado que em 2022, produziu 63,2% de todo o guaraná colhido no Brasil, com uma safra que alcançou a marca de 1.555 toneladas.
No entanto, alguns problemas ainda precisam de estudos e soluções que estão sendo desenvolvidas pela Embrapa.
Esses estudos, liderados pelo pesquisador, Lucio Santos, envolvem o manejo geral da cultura, desde a criação de mudas até beneficiamento. Com o jovem agricultor, Leonardo Araújo, o projeto envolve a pesquisa do guaraná orgânico e a criação de uma solução para o controle de mato na agricultura orgênica.
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