O Cerrado sofre com o fogo sem controle e a incidência maior das queimadas pode alterar a paisagem, ou no termo técnico, fitofisionomia do bioma. Os incêndios florestais provocam sérios danos às plantas, ao solo e todos os seres vivos, é o que mostra o terceiro episódio da série especial Cerrado Sem Fogo.
De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até 16 de setembro, 32,6% das queimadas no Brasil foram no Cerrado.
Quase 61 mil focos (60.900) foram registrados. Foi o segundo bioma com o maior número de incêndios florestais, atrás da Amazônia que ultrapassou 93 mil focos.
Especialistas afirmam que uma das características da vegetação do Cerrado, é de ser mais resistente ao fogo em ocorrências espaçadas, ao longo do tempo, no entanto, o problema é que as queimadas estão cada vez maiores e em pouco meses. Isso pode provocar o desaparecimento de animais e alterar a fitofisionomia do bioma.
A coordenadora de educação ambiental do Parque Vida Cerrado, Gabrielle Rosa, explica que “quando o fogo passa, as árvores mais velhas, que são aquelas que tem a casca bem desenvolvida, elas vão resistir, se reestabelecer após o período de incêndio, logo depois começa o período chuvoso no Cerrado”.
No entanto, Rosa detalha ainda que as “árvores mais jovens, as mais novas, não têm essa casca de proteção, então, elas acabam morrendo nessas queimadas e se esses incêndios começam a se tornar recorrentes nas mesmas áreas, e temos um processo de mudança da fitofisionomia do Cerrado.”.
Uma área que era historicamente densa, fechada, ela vai se ralhando ao longo do tempo e eu saio de uma estrutura, de um Cerrado restrito, um Cerrado denso e venho para um campo sujo, um campo limpo ou um gramial no futuro. – Gabrielle Rosa, coordenadora de Educação Ambiental – Parque Vida Cerrado
Animais sem abrigo, solo degradado
Com o fogo, a realidade para os animais são ferimentos, a morte e mudanças severas no ambiente, principalmente para muitos filhotes de animais silvestres, que se desenvolvem no bioma.
Além disso, a microbiologia, os microrganismos que estão presentes no solo, como fungos e bactérias são perdidos.
“As queimadas frequentes, podem e causam um desequilíbrio na microbiota do solo”, disse a doutora em ciências biológicas da JCO Bioprodutos, Flávia Arruda.
Contudo, também participaram deste episódio, Suzana Viccini, produtora rural e Ani Sanders, cofundadora do Grupo Progresso.
Ambas relatam os impactos causados pelo fogo nas propriedades com áreas de preservação.
Assista ao segundo episódio:
O projeto Cerrado Sem Fogo é uma campanha do Canal Rural Bahia com apoio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), JCO Bioprodutos, Grupo Progresso e Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães.
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