O número de manifestantes presos após participarem dos protestos em Brasília neste domingo (8) subiu para 1.500.
Destes, 1.200 estavam no acampamento montado em frente ao QG do Exército e foram detidos na manhã desta segunda-feira (9), durante a operação que desmobilizou o acampamento.
Os outros 300 começaram ser presos em flagrante desde ontem e já estavam na sede da Polícia Civil do Distrito Federal.
Os milhares de presos por invasão e depredação de prédios públicos estão sendo transferidos para o Complexo Penitenciário da Papuda e para a Colmeia, penitenciária feminina do Distrito Federal.
Desde o final da tarde de domingo a segurança pública no DF é comandada por autoridades federais.
O interventor Ricardo Capelli, número 2 do Ministério da Justiça, atua pessoalmente na orientação aos comandantes das forças de segurança.
“Ontem prendemos 209 em flagrante e esse numero é sempre atualizado. Neste momento, estão sendo ouvidas 1.200 pessoas, totalizando 1.500 detenções e prisões. A maioria estava no acampamento do Setor Militar Urbano, em Brasília, onde houve entendimento com o Exército”, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Brasília
O trabalho de limpeza já começou em toda a Esplanada dos Ministérios, que segue interditada.
Mas, segundo o ministro da Secretaria Especial da Comunicação Social, Paulo Pimenta, a recuperação será muito rápida, não só no Palácio do Planalto, como no Congresso e no Supremo Tribunal Federal, justamente como uma resposta de fortalecimento da democracia brasileira.
“Ontem mesmo, nós conseguimos que os três prédios fossem recuperados. Nós já estamos trabalhando normalmente. Se vocês entrarem no Palácio agora, vocês vão ver que ele já está em total condição para o trabalho. Os vidros que foram quebrados, eles não serão substituídos por tapumes, serão colocados outros vidros. Em poucas horas, nós queremos que tudo esteja pronto”, afirmou.
Segundo o ministro da Justiça, a entrada de manifestantes na Esplanada não estava permitida.
Em relação à hipótese de envolvimento de integrantes do agronegócio no financiamento das manifestações, o ministro disse que ainda não é possível distinguir nitidamente responsabilidades.
“O que é possível afirmar cabalmente é que havia financiamento. Nós temos a relação de todos os contratantes dos ônibus. Todas essas pessoas serão chamadas a prestar esclarecimentos porque são pessoas que contrataram ônibus e não eram para excursões turísticas”, disse.
“Que há pessoas, como disse o presidente Lula, vinculadas a esse segmento econômico que participaram, isso é inequívoco. Mas isso não significa, obviamente, nem o presidente Lula disse isso, uma generalização”, complementou o ministro da Justiça.
Posicionamento e repercusão
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), publicou uma nota de repúdio aos atos.
“Declarações que atribuam ao setor participação nos ataques são descabidas e não retratam a real import ncia do agro brasileiro para o país. a bancada é contra a grilagem, o desmatamento ilegal e o uso irrestrito de pesticidas em lavouras. assim, é importante esclarecer que a fpa e os representantes do agro prezam pela democracia e se posicionam contra quaisquer atos que gerem prejuízos aos país”, diz o texto.
Os ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário se manifestaram a respeito dos protestos.
Carlos Fávaro chamou os atos de terrorismo.
Ele disse que nenhum retrocesso vai ser aceito e que, integrantes do partido dele que tiverem alguma ligação com os protestos serão expulsos.
Já Paulo Teixeira (PT), afirmou que tudo isso é inadmissível e que os responsáveis precisam responder judicialmente.
Outras lideranças do setor também se manifestaram e criticaram duramente os atos.
Entre eles, Tereza Cristina, Pedro Lupion, Zequinha Marinho e entidades, como a Unica; Abiove; Abag; e o Sistema OCB.