As provocações de setores da sociedade de que o processo de produção do biodiesel seria medieval foram rechaçadas na segunda-feira (20) pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel, órgão do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
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Para o presidente da Câmara Setorial, Donizete Tokarski, as declarações de setores divergentes da política de descarbonização não coadunam com a responsabilidade técnica, política, social e ambiental. “Diferentemente do que estão falando, medieval é o diesel S500, que afeta a vida das pessoas, causa internações e leva à morte”, disse o executivo.
“Não podemos admitir esse atributo ao biodiesel como medieval ou primitivo” — Donizete Tokarski
“O biodiesel é o produto mais especificado no Brasil”, prosseguiu Tokarski. “O biodiesel é o melhor combustível do país. O biodiesel é a cara do Brasil”, defendeu ele, que é diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).
Para Tokarski, as pessoas que têm responsabilidade com a coisa pública e com a segurança energética do país precisam repensar seus posicionamentos. “Estes termos colocados ao vento são difíceis de reverter diante da magnitude que isso representa para a sociedade. O biodiesel é uma política que mexe com a vida de milhões de pessoas. Não podemos admitir esse atributo ao biodiesel como medieval ou primitivo”, pontuou.
Elogio à decisão do CNPE sobre uso de biodiesel
Na oportunidade, Donizete Tokarski falou sobre a reunião do Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) que decidiu pelo aumento da mistura de biodiesel ao diesel fóssil, saindo dos atuais 10% para 12%, já a partir de abril deste ano. O órgão também definiu cronograma de avanço até 15% em 2026.
“Parabenizo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que fez uma defesa positiva do biodiesel. Além dele, claro, os demais ministros e membros do CNPE que abraçaram esta causa reforçando a visão de política de Estado para o uso do biodiesel, uma energia renovável que gera benefícios econômicos, ambientais e sociais”, disse o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel do Mapa.
Diesel verde que… não é verde
Consultor técnico da Ubrabio e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Donato Aranda explicou que os biocombustíveis representam um patrimônio para o país e que o uso indevido da designação verde ou renovável é desconstrutivo para o debate sobre descarbonização dos combustíveis e ameaça não só a credibilidade do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), já consolidado como uma política de Estado, e do RenovaBio, como também traz prejuízos a essa nova indústria que tenta nascer no Brasil: do HVO (o verdadeiro diesel verde, cuja principal matéria-prima é a biomassa) e do bioquerosene.
Na primeira reunião do ano, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel tratou ainda dos demais assuntos referentes aos grupos técnicos de trabalho. Além da discussão sobre o aperfeiçoamento do RenovaBio, a reunião tratou do fortalecimento do Selo Biocombustível Social e da diversificação de matérias-primas para produção de biodiesel.
Câmaras setoriais
As câmaras setoriais e temáticas do Mapa são fóruns de discussão entre os diversos elos das cadeias produtivas, reunindo entidades representativas de produtores, empresários, instituições bancárias e de outros parceiros no setor, além de representantes de órgãos públicos e de técnicos governamentais. Nos encontros são discutidas questões de interesse da cadeia produtiva do agronegócio.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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