A sucessão familiar no campo ainda é um grande desafio em Santa Catarina. Muitos jovens deixam as áreas rurais em busca de oportunidades em centros urbanos, mas o amor pelo campo e o incentivo dos pais e de cooperativas pode mudar este cenário. Em Pinhalzinho, na Região Oeste do estado, a família Rosalem já está na terceira geração de sucessores. Nilson e Lourdes Rosalem, que gerenciam atualmente o negócio, produzem leite há mais de 30 anos.
Eles sucederam os pais de Lourdes, que eram produtores de grãos. O negócio tem mais de 80 animais, com produção diária de 1500 litros por dia, e 40 mil litros mensais, garantindo a renda da família de cinco pessoas. “Na época que cheguei aqui meu sogro estava com 60 anos, já cansado de trabalhar. Viemos com uma força nova dentro da propriedade e tudo deu certo”, conta Nilson. “No início eram poucas vacas e tirávamos o leite manualmente. Depois fomos aumentando o negócio junto com meus pais. Herdamos a propriedade, e continuamos no ramo do leite”, explica Lourdes.
Agora, as duas filhas do casal decidiram permanecer no campo. Giovana tem 21 anos e já está assumindo a sucessão. “Tudo o que investimos foi pensando nelas”. Nilson explica que a atividade e o investimento ganham mais valor, sentido e força quando têm a perspectiva de sucessão. “Para nós é um orgulho. Tanto a Suzi quanto a Giovana, são envolvidas. A Giovana adora lidar com as vacas, com as bezerras, ela principalmente é quem toma conta”, comemora a mãe.
Com o agronegócio baseado em pequenas propriedades, a manutenção da sucessão familiar rural é decisiva para o futuro do setor em Santa Catarina, que tem 1% do território nacional. Dados do último Censo do IBGE mostram que mais de 180 mil jovens catarinenses entre 18 e 29 anos vivem no campo.
“Depois que eu comecei a receber um salário e me incluíram nos negócios, desde o planejamento, até poder dar opiniões, fui tomando gosto pela atividade. O meu pai sempre nos incentivou, de maneira que nunca foi uma obrigação, mas acabamos criando um amor, pelo incentivo que ele nos dava”, explicou a jovem Giovana.
Suzimara, irmã de Giovana, destaca a importância de sempre buscarem novas tecnologias: “Pensamos em continuar e ampliar, sempre em busca de novidades”.
A assistência técnica ofertada pela cooperativa também colabora para a continuidade do jovem no campo, capacitando as novas gerações sobre práticas agrícolas sustentáveis e gestão eficiente das propriedades. O suporte facilita a adoção de tecnologias e melhora a produtividade. “Estamos dispostos a ir atrás do que for possível para que a propriedade melhore em genética, em bem estar animal e também em produtividade. Isso gera a satisfação do produtor, aumenta o lucro e ajuda a manter o jovem na propriedade”, ressalta Lisandro Buriol, supervisor do departamento de leite da Cooperitaipu.
Douglas Serraglio, esposo da Suzimara, trabalhava em outra atividade na cidade. Assim que casou com a Suzi, recebeu a proposta do sogro para ajudar nos negócios da leiteria e há 12 anos topou o desafio. “Está dando certo, eles são bem acolhedores, é bom trabalhar com eles. Estamos sempre investindo no que precisa para melhorar e evoluir. O leite precisa muito de mão de obra, se não ficamos na propriedade, acaba a produção”, conta Douglas.
Giovana conta que de todos os seus amigos e colegas de escola que moravam em propriedades rurais, a única que ficou no campo foi ela. “É triste de ver isso mas ao mesmo tempo eu fico feliz, porque acredito que a minha escolha será valorizada um dia”, diz a jovem.
O projeto Santa Catarina e o Agro 5.0 quer dar visibilidade a realidades como a desta família e outras que, ao contrário, os filhos não permanecem no campo. O objetivo é discutir e dar visibilidade a práticas que incentivem cada vez mais a permanência dos jovens no campo e a sucessão familiar na agricultura, além de outros temas relevantes para o agronegócio.
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