Um raro caso de um gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) infectado com raiva, encontrado no Parque Bosque dos Jequitibás, região central de Campinas, acende um alerta sobre a presença do vírus em ambientes urbanos. Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com profissionais da saúde de instituições públicas, determinaram que a causa da morte do gambá foi meningoencefalite causada por infecção pelo vírus da raiva.
Publicado na revista Emerging Infectious Diseases, o estudo destaca a importância de monitorar mamíferos que podem ser vetores do vírus, especialmente animais negligenciados por vigilância, como os gambás. Eduardo Ferreira Machado, que conduziu a pesquisa, alerta que, embora a variante de raiva de cães não seja mais detectada em São Paulo devido às campanhas de vacinação, é crucial monitorar outros mamíferos.
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Os sinais neurológicos detectados sugerem a forma da doença transmitida por morcegos, indicando a possibilidade de transmissão entre morcegos e gambás. A transmissão pode ocorrer pela interação entre esses animais, que competem por habitats naturais e fornecidos por humanos, como sótãos de casas. Gambás predando morcegos é uma possível rota de transmissão.
José Luiz Catão Dias, professor da FMVZ-USP, destaca a importância de monitorar gambás nas cidades, pois eles podem ser uma ponte entre animais silvestres e humanos, trazendo a raiva e outras doenças. Ele coordena um projeto de vigilância em marsupiais neotropicais, incluindo os gambás.
O estudo desafia a ideia anterior de que os gambás são resistentes ao vírus da raiva, mostrando que a transmissão ocorre e precisa ser monitorada.
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