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Nacional

Intoxicação por petisco: substância do caso Backer é encontrada em cachorro

Fábrica responsável pelos alimentos para pets foi interditada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

Um laudo preliminar da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (Vet-UFMG) identificou a presença do monoetilenoglicol no corpo de um dos cachorros mortos por suspeita de intoxicação após consumir três marcas de petiscos de uma mesma fabricante. Ao menos nove mortes de cães são investigadas em Minas Gerais em São Paulo — e pode ter alguma relação com o caso da cervejaria Backer, em 2019.

“Fizemos alguns exames e, até agora, identificamos o monoetilenoglicol em um dos diversos produtos que estamos recebendo, mas ainda existem muitos outros a serem encaminhados para análise, que ainda está em andamento. Ainda há muito trabalho a ser feito para chegarmos a uma conclusão mais precisa”, afirma Renata Fontes, perita criminal da Polícia Civil.

Na sexta-feira (2), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que interditou a fábrica da Bassar em São Paulo e determinou o recolhimento dos produtos. Em nota, a empresa disse que interrompeu a produção da fábrica “até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação de pets envolvendo lotes de seus produtos”.

Substância encontrada em cachorro é a mesma do caso da cerveja Backer

cerveja backer - divulgação
Foto: divulgação

Conhecida também como etilenoglicol, a substância encontrada no corpo de um dos cachorros geralmente é usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras. É também o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

“Como ele tem um gosto docinho, os animais normalmente querem ingerir e não param” — Anne Pierre Helzel

“No atendimento de animais, suspeitamos desse líquido quando temos o histórico de que o animal lambeu alguma dessas máquinas”, explica Anne Pierre Helzel, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). “Como ele tem um gosto docinho, os animais normalmente querem ingerir e não param. É diferente de outros venenos que têm gosto repugnante”, complementa a especialista.

Segundo ela, a ingestão do etilenoglicol deixa “algumas lesões características” que podem ser observadas por exame microscópico, o que torna fundamental um trabalho de autópsia nos cachorros intoxicados. A médica veterinária alerta também que, uma vez ingerida, a substância é rapidamente absorvida pelo organismo dos animais. Assim, a rapidez na identificação é primordial para o tratamento.

“Se conseguimos pegar o caso até uma hora depois, fazemos a lavagem gástrica para tirar o que foi absorvido. Agora, se o líquido passar do estômago, é absorvido e pode causar enjoo e diarreia, por exemplo”, informa Anne.

Monoetilenoglicol afeta sistema nervoso do pet

Foto: reprodução

Após a intoxicação por monoetilenoglicol, a principal área atingida é o sistema nervoso do animal, que passa a apresentar sintomas similares à embriaguez por álcool: ele fica “frustrado, sonolento e apático em um canto”, tem descoordenação motora, não consegue andar em linha reta e fica cambaleando ou caindo, além de perder o reflexo do equilíbrio.

A combinação de efeitos leva o corpo à falência renal. Anne Pierre Helzel aponta que, para manter a segurança dos animais, o principal ponto da investigação agora deve ser identificar em que etapa da produção pode ter sido gerada a suposta contaminação pela substância que foi responsável pela morte de dez pessoas que consumiram a cerveja Backer há três anos.

“Não é que alguém tenha comprado e adicionado o etilenoglicol por maldade ou usado produtos de qualidade inferior. Mas pode ter acontecido de alguma máquina vazar ou ter algo com a matéria-prima”, avalia a assessora técnica do CRMV-SP.

Posicionamento da empresa

Foto: reprodução

Em nota divulgada à imprensa, a Bassar Pet Food, fabricante dos petiscos consumidos pelos animais nesta semana, afirmou que colabora com as investigações e presta orientações aos consumidores que entram em contato com a empresa. A Bassar também declarou que “está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo.”

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