Um relatório elaborado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que 70,3 milhões de pessoas no Brasil estão em situação de insegurança alimentar. Esse número é quase o dobro do observado no período pré-pandemia.
Em 2022, o mundo tinha 735 milhões de pessoas passando fome, cerca de 9% da população global. Já a insegurança alimentar, em todos os níveis, era a realidade de 2,4 bilhões de pessoas.
O economista-chefe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Maximo Torero, pondera que a fome até diminuiu em alguns países da Ásia e da América Latina. E que 2022 parecia mais favorável, até que a guerra na Ucrânia provocou um novo choque nos preços dos alimentos.
O relatório considera diferentes níveis para a falta de acesso a comida. A insegurança alimentar pode ser moderada ou severa. E a subalimentação crônica é uma situação duradoura, que causa sofrimento físico pela insuficiência de calorias ingeridas.
No Brasil, 4,7% da população estava na situação mais grave entre 2020 e 2022. Mais de dez milhões de pessoas. Quase 10% passava por segurança alimentar severa. Se incluirmos o nível moderado, eram 32,8% dos habitantes, o equivalente a cerca de 70,3 milhões de pessoas. Uma piora com relação ao período anterior, de 2014-2016, quando esse percentual era de 18,3%.
Políticas públicas
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Welington Dias, afirmou que a piora do Brasil no relatório da ONU é reflexo do desmonte das políticas públicas sociais dos últimos anos. Que além da retomada do Bolsa Família, que retirou mais de 43 milhões de pessoas da linha da pobreza este ano, o governo se prepara para lançar o Plano Brasil Sem Fome, uma ação conjunta de 24 ministérios que tem como objetivo tirar o país do mapa da fome até 2030, reduzir a extrema pobreza a 2,5% da população e reduzir a insegurança alimentar e nutricional.
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