CONFLITO

Morte de indígena em Mato Grosso do Sul era tragédia anunciada, diz Tereza Cristina

Ex-ministra do Mapa e atual senadora diz que indígenas estão sendo incitados a invadir terras por interesse de facção criminosa paraguaia

tereza cristina
Foto: Arquivo/Canal Rural

Um jovem indígena foi morto com um tiro na cabeça na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira (18), durante a retomada da Fazenda Barra, realizada por policiais militares no município de Antônio João.

A área, demarcada como território indígena desde 2002, segue sob conflito, visto que o processo de demarcação está judicializado. No espaço, há uma propriedade rural, cujos donos conseguiram uma liminar, dando-lhes o direito sobre a terra. Contudo, estava ocupada pelos Guarani Kaiowá desde semana passada.

O governador do estado, Eduardo Riedel, reforçou que a polícia estava na área para fazer cumprir a ordem judicial. Ele participou de reuniões para pedir esclarecimentos sobre o assunto.

A Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul se manifestou sobre o caso, informando que alguns indígenas tinham armas de fogo. munidos por facções criminosas que estão interessadas na área por conta do tráfico de drogas.

Tragédia anunciada

A ex-ministra da Agricultura e atual senadora, Tereza Cristina, afirma que se trata de uma tragédia anunciada.

“Não foi por falta de conversar com o Ministério da Justiça e com o próprio Supremo [Tribunal Federal]. Quando temos uma discussão em que não sabemos se a lei que passou no Congresso e que foi aprovada, sancionada, se ela tem validade, se deixa uma insegurança que gera todo tipo de incitação dos indígenas para que eles façam as invasões [às propriedades rurais]”, diz Tereza.

De acordo com ela, a propriedade é protegida pela polícia e pela Força Nacional há muitos meses, visto a existência da liminar proibindo a entrada dos indígenas e dando a posse da terra aos produtores.

“Mas os indígenas estão sendo incitados [a invadir]. Ali é fronteira seca com o Paraguai e nós temos, do outro lado, áreas muito perigosas, com plantio de maconha, onde os indígenas arrumam emprego, infelizmente”.

De acordo com Tereza, ainda que o relatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) não tenha sido divulgado, há indícios de que, incitado pelas quadrilhas criminosas, o indígena morto, Neri Guarani Kaiowá, de 23 anos, tenha avançado sobre a polícia com arma de fogo.

O comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, concorda com a ex-ministra sobre se tratar de uma tragédia anunciada, visto que Mato Grosso do Sul tem 30% de seu território com reservas indígenas ou em litígio.

“Essa situação gera instabilidades na região há muito tempo. Essas aldeias, pelo que percebemos, estão tomadas pelos traficantes. Por ali se tem armas, drogas e prostituição. Assim, existem algumas lideranças que tornam esses indígenas massa de manobra”.