ESPÍRITO SANTO

Operação resgata 14 trabalhadores em condições análogas à escravidão em colheita de café

Em Governador Lindenberg (ES), foram encontrados um grupo de adultos, um adolescente e quatro crianças, incluindo um bebê de colo, vivendo em depósito de fertilizantes adaptado

Na última segunda-feira (3), uma operação conjunta realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resultou no resgate de um grupo de 14 trabalhadores submetidos a condições semelhantes à escravidão na cidade de Governador Lindenberg, região norte do estado do Espírito Santo. Os trabalhadores, que estavam envolvidos na colheita de café na região norte do estado, foram encontrados sem Carteira de Trabalho assinada e sem terem passado por exames médicos.

A equipe de fiscalização descobriu que os trabalhadores estavam alojados em dois imóveis inadequados e precários, onde eram obrigados a dormir amontoados no chão. Um dos alojamentos era uma adaptação de um depósito de fertilizantes, enquanto o outro era uma construção de madeira que, segundo relatos dos trabalhadores, já havia sido invadida por um escorpião. Além do grupo de adultos, também foram encontrados um adolescente e quatro crianças, incluindo um bebê de colo, vivendo na mesma condição degradante.

Os trabalhadores não tinham acesso a água potável adequada, resultando em alguns deles adoecendo devido à má qualidade da água fornecida. Os sanitários estavam sujos e sem qualquer tipo de higiene, sem chuveiro quente e apenas um cano de água disponível. O papel higiênico e outros materiais de higiene pessoal eram adquiridos pelo próprio grupo.

Além das condições de moradia e falta de água potável, os trabalhadores também eram responsáveis por comprar sua própria alimentação diária em dois mercados locais. O valor gasto chegava a mais de R$ 30.000, o que tornava a maior parte dos ganhos destinada apenas à alimentação. Eles relataram aos inspetores do trabalho que, nos últimos quatro dias, estavam se alimentando apenas de mandioca cozida ou frita, pois não havia mais mantimentos disponíveis.

Diante das condições alarmantes, a Auditoria Fiscal do Trabalho do Ministério determinou o imediato resgate dos trabalhadores e seus familiares, que foram levados para um hotel na cidade de Colatina. Lá, eles se reuniram com a empregadora e seu representante legal para discutir o pagamento das rescisões de trabalho de cada um. Após negociações com a equipe de fiscalização, todos os direitos trabalhistas foram pagos e os trabalhadores foram encaminhados de volta às suas cidades de origem, com todas as despesas arcadas pelo empregador.

A ação foi conduzida pela Inspeção do Trabalho do MTE, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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