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Paraná

Estiagem: quem são e o que querem os agricultores visitados pela ministra

Produtores do oeste Paraná pedem seguro rural, maior prazo para quitar financiamentos e uma lista de medidas; alguns falam em comprar terras em outros estados

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, visitou nesta quinta-feira (14) propriedades rurais afetadas pela estiagem na região oeste do Paraná e recebeu uma lista de pedidos dos agricultores. Entre eles, estão o incentivo ao seguro rural e mais prazo para pagar os financiamentos.

Tereza Cristina lembrou que a estiagem está afetando regiões onde isso nunca ocorreu. “Além da alta tecnologia que se usa no Paraná, sempre tiveram um risco muito menor de estiagem. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina já tem gente que perdeu três safras consecutivas. Aqui no Paraná [as perdas] eram mais pontuais”, disse.

Em Lindoeste (PR), a ministra conversou com o produtor rural Vanderlei José de Campos Jr.
Em Lindoeste (PR), a ministra conversou com o produtor rural Vanderlei José de Campos Jr. Foto: Mapa

A perda média na região oeste do Paraná é de 65% na soja e 55% no milho, segundo estimativa da Secretaria de Agricultura, mas em alguns municípios as quebras podem ultrapassar 75%. Três agricultores de Lindoeste e Céu Azul que conversaram com a ministra Tereza Cristina revelaram ao Canal Rural que já compraram ou pretendem comprar áreas em outros estados.

A estiagem no oeste do Paraná já dura dois meses e aconteceu justamente na fase de formação dos grãos. De acordo com balanço do Departamento de Economia Rural (Deral), divulgado nesta quinta-feira (13), a condição das lavouras de soja em todo o Paraná é 29% boa, 37% média e 34% ruim; no milho, a condição é boa em 32%, média em 39% e ruim em 29%. A soja já foi colhida em 2% da área plantada.

O presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Valini, lembra que o milho safrinha deverá ser plantado em fevereiro, mas preocupa-se com o teor de umidade no solo. “Hoje não existe chuva para fazer o plantio. E se plantar no seco, será que vai ter chuva suficiente para o desenvolvimento dessa lavoura?”, pergunta.

A propriedade escolhida para a visita da ministra foi a Fazenda Confiança em Lindoeste, dos agricultores Vanderlei José de Campos Jr. e João Batista Cunha Jr. Eles têm 800 hectares e plantam 240 hectares de milho e o restante de soja.

Vanderlei é engenheiro agrônomo e dono da revenda agrícola Confiagro. Ele afirma que comprou uma propriedade em Goiás. “Estamos cientes da ajuda governamental, mas, como mecanismo de defesa, a Confiagro adquiriu uma propriedade no distrito de Amaralina, no município de Mara Rosa, com a intenção de produzir soja e milho também no estado de Goiás. Com isso, botamos um pé em cada clima do Brasil. Ora pode estar melhor no Sul, ora no Centro-Oeste, e com isso a gente consegue equalizar um pouco essa balança do clima e ter uma maior estabilidade para cumprir nossos contratos de grãos, seja soja ou milho”.

Segundo Vanderlei José de Campos Jr., a ministra e técnicos que visitaram a propriedade puderam constatar in loco todos os problemas climáticos que acometeram a soja e o milho na região. “Isso trouxe drásticas perdas para o setor do agronegócio, estimadas em mais de 70%”, diz.

“Nós, como produtores rurais, precisamos neste momento do apoio governamental, junto com instituições financeiras, como Banco do Brasil, para que eles consigam atingir uma renegociação das nossas contas, com juros acessíveis para o agronegócio. E também liberação de créditos para o agro, renegociações para o investimento de maquinários que foram adquiridos ao longo dos últimos anos, porque todas as parcelas vencem anualmente”, relaciona Vanderlei.

Outro agricultor que conversou com a ministra da Agricultura foi César Barasuol, do município de Céu Azul. Ele planta soja, milho e trigo anualmente em 80 hectares e atua na área comercial de insumos agrícolas há mais de 20 anos. Está iniciando a colheita e calcula que alcançará 70% da produtividade esperada. “Já vínhamos de uma safrinha de problemas e agora também a soja não pagará as contas. As culturas estão sempre amparadas no seguro agrícola, porém isso paga somente os insumos utilizados, basicamente”, relata.

Barasuol também pensa em plantar em outros estados. “Aumento de área por aqui é inviável, pois arrendamentos estão muito caros, então a saída é a busca por áreas no Norte, terras com valores mais em conta e também dividindo riscos climáticos, haja vista que podemos ter mais uma década de El Niña afetando o Sul do Brasil”, analisa.

A ministra Tereza Cristina e o produtor rural Cristiano Jose Macedo, no município de Lindoeste (PR). Foto: Dayane Gonçalves Macedo

A ministra Tereza Cristina também conversou com o engenheiro agrônomo Cristiano José Macedo, produtor rural no município de Lindoeste há mais de 20 anos. Segundo ele, os agricultores pediram à ministra para que as perícias de seguro sejam aceleradas e disponibilizem as áreas para um novo plantio. Outros pedidos foram para o Mapa avaliar dívidas de outras culturas e safras anteriores, assim como investimentos em genética de cultivares com tolerância ao stress hídrico, buscando minimizar perdas com a estiagem.

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