Morreu ontem (11) uma mulher de 56 anos que contraiu raiva após ser atacada por um sagui em Santa Maria do Cambucá, no Agreste de Pernambuco. Ivonete Maria da Silva estava internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife.
Na última quarta-feira (8), a contaminação por raiva foi confirmada pelo Instituto Pasteur, em São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, investigações apontam que o animal foi afugentado da mata onde vivia devido a uma queimada, o que o levou a entrar em contato com a vítima.
Como foi?
Em novembro de 2024, Ivonete chegava em casa acompanhada do neto, de 3 anos, quando um sagui apareceu e avançou na direção da criança. Para protegê-lo, a avó colocou-se entre o neto e o animal, sendo mordida na mão esquerda.
Ela foi levada ao Hospital Santina Falcão, em Santa Maria do Cambucá. Segundo o jornal Diário de Pernambuco, familiares relataram que a médica responsável informou que não havia vacina antirrábica em estoque na unidade e pediu que Ivonete retornasse no dia seguinte. No entanto, não foram explicadas a gravidade da mordida de um animal silvestre nem os cuidados necessários para evitar a infecção.
Os primeiros sintomas da doença começaram a aparecer em dezembro. Com o agravamento do quadro, Ivonete foi transferida para o Huoc, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, no Recife. Em 2 de janeiro, seu estado de saúde piorou, e ela foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde faleceu na manhã de ontem.
Estoque de vacinas
Em declaração ao Diário de Pernambuco, o diretor do Hospital Municipal Santina Falcão, Rafael Oliveira, afirmou que a cidade de Santa Maria do Cambucá possui vacina antirrábica em estoque, mas o soro utilizado em casos de acidentes com animais silvestres infectados só está disponível em polos regionais de saúde.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que está conduzindo uma investigação epidemiológica sobre o caso e que intensificará os protocolos e diretrizes relacionados à raiva junto às equipes dos municípios. Além disso, será realizado um ciclo complementar de vacinação de animais domésticos na região.
Em relação à conduta médica, a Secretaria ressaltou que a apuração e os devidos encaminhamentos são de responsabilidade do município, conforme as atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Hospital Universitário Oswaldo Cruz lamentou a morte de Ivonete. “Expressamos as mais sinceras condolências e desejamos conforto, paz e força à família.”
A doença
A raiva é transmitida quando o vírus presente na saliva de um animal infectado penetra no organismo humano por meio de mordidas, arranhões ou lambidas que atingem a pele ou mucosas. Segundo levantamento do portal UOL, dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2010 e 2024, o Brasil registrou 48 casos da doença, dos quais apenas dois pacientes sobreviveram.