O Rio Grande do Sul plantou soja em 6,5 milhões de hectares nesta safra 2022/23. A expectativa inicial era produzir cerca de 20 milhões de toneladas do grão. No entanto, a estiagem mudou tudo.
Na estimativa de março da Emater-RS, a quebra projetada era de 31%, mas o número foi revisado. Agora, indica-se que os gaúchos devem colher 12,5 milhões de toneladas, ou seja, redução de, aproximadamente, 40% ante à expectativa do início da temporada.
Nas lavouras gaúchas, tem sido comum áreas com boa produtividade e outras sem grãos nas vagens. “Terminamos a safra de soja 22/23 fechando em média nossas lavouras com 15 sacas de soja por hectare. Tem lavouras aqui sendo colhidas com sete, oito sacas por hectare“, conta o produtor de São Miguel das Missões (RS), Vanderlei Fries.
Produtividade da soja gaúcha
Com a situação das lavouras, a produtividade média do estado foi revista de 3.131 kg/ha (52 sacas) para 1.923 kg/ha (32 sacas), queda de 38,5%.
As regiões mais afetadas são as que estão no oeste, com perdas de 67%. Já no leste, em regiões como a serra e a capital, as baixas não chegam a 5%. Em Santa Rosa, por exemplo, as lavouras estão tão irregulares que dificultam até o mapeamento.
“Os técnicos tiveram que fazer uma avaliação maior para buscar mais informações junto ao produtor. De localidade para localidade, mudavam muito as médias. Então, para chegar em um consenso, foi bastante difícil. Nós tínhamos uma previsão de 53 sacas no momento do plantio, mas hoje está em 17 sacas. Com quase 90% colhido, deve permanecer nesse patamar”, afirma o chefe-regional da Emater Santa Rosa-RS, José Vanderlei Waschburger.
Na região de Santa Maria, no centro do estado, a projeção inicial era de 3.008 kg/ha (50 sacas), mas, com o agravamento da estiagem, foi reavaliada em 1.555 kg/ha (26 sacas), uma redução de 48%.
Estiagem persistente
De acordo com o chefe regional da Emater Santa Maria (RS), Guilherme Passamani, a estiagem atinge o estado há dois anos consecutivos, mas alguns municípios sentem os efeitos da seca há três anos seguidos.
“Temos observado uma variabilidade muito grande entre municípios e dentro dos próprios municípios que vai de 20% a 90% na soja, como relatado entre os produtores”
Mesmo com as perdas, esta safra ainda tem resultados melhores do que a temporada passada, quando foram colhidas apenas nove milhões de toneladas de soja. Agora, a chuva retornou e os produtores apostam, novamente, na safra de inverno.
“A conta não fecha”
Outro desafio está na comercialização da oleaginosa. No momento do plantio, em outubro, a saca de 60 kg estava acima de R$ 170. Nesta semana, a cotação está na casa dos R$ 126,25.
“Quando chega a hora de nós vendermos os produtos para pagar as contas, o preço cai lá embaixo. A conta não fecha”, lamenta o produtor Vanderlei Fries.