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Rio Grande do Sul semeia menos arroz do que o esperado

Atraso ocorreu em função de clima e de crédito; parte da área foi plantada fora do zoneamento ideal, ficando descoberta por seguro rural

plantio de arroz no Rio Grande do Sul
Foto: Eliza Maliszewski/Canal Rural

Segundo levantamento do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) a semeadura da safra 2024/25 foi concluída no começo de janeiro no Rio Grande do Sul. Foram plantados 927.8 mil hectares, o que representa uma baixa em relação à área projetada inicialmente, que era de 948 mil hectares.

O órgão aponta que algumas regionais não atingiram 100% da intenção de semeadura, sendo a área central do estado a mais afetada. Municípios da região sofreram com impacto das enchentes que ocorreram no mês de maio e, posteriormente, com frequência intensa de chuvas, o que atrasou a recomposição das lavouras. Com isso, plantaram 84,7 % da área esperada.

Outro problema da cultura é que parte da área foi semeada fora do que recomenda o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), estando, dessa forma, sem possibilidade de cobertura pelo seguro rural.

O plantio de arroz irrigado no estado, com variações entre as cultivares, vai de 1º de setembro a 20 de dezembro. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) chegou a pedir a prorrogação do calendário de semeadura ao Ministério da Agricultura, mas não obteve resposta.

Para o presidente da entidade, Alexandre Velho, a baixa no número de hectares semeados já era esperado. “Temos lavouras muito afetadas, em especial na região central, o que requer alto investimento e tempo para recuperação. O produtor não teve recursos”, destaca.

Clima traz atrasos ao arroz

Na maioria das regiões gaúchas, o arroz se desenvolve bem, mas o clima tem sido o maior desafio. A estiagem afeta o nível de alguns rios. De acordo com o técnico agrícola do Irga Giovani Wrasse, na região central do estado, o Rio Jacuí, que é bastante usado para irrigação das lavouras, ainda está em situação normal para um período sem chuvas.

“Já nos arroios, há relatos de produtores de que não há água para irrigação. Os municípios com mais problemas são Paraíso do Sul, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine e parte de Agudo, que são os que usam água de rios”, enumera.

Produtores também relatam problemas na Fronteira Oeste, que é a maior produtora de arroz no Rio Grande do Sul, com 281 mil hectares, praticamente metade de todo volume do estado.

“Na região do Alegrete, água escassa, lavouras amareladas por temperaturas baixas à noite, e outras áreas perdendo potencial produtivo por estarem largando cacho no frio”, comenta o produtor Guilherme Calovi.

Também são registrados atrasos nos manejos a campo. “Tem produtor que está com aplicações de fertilizantes ou nem conseguiu colocar água ainda nas quadras. O clima com muita chuva atrapalhou e agora a estiagem nos acende um alerta. O clima mais frio também não favorece o arroz”, afirma o presidente da Federarroz.

Na safra 2023/24 o estado produziu 7,1 milhões de toneladas de arroz. Com as enchentes registradas no estado, foram perdidos 46,9 mil hectares, que correspondem a 5,22% da área semeada. O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional do grão, respondendo por 70% do total.