Uma tecnologia desenvolvida para alimentação do gado e melhoria da qualidade de pastagens recebeu outra finalidade na capital acreana. A BRS Mandobi, amendoim forrageiro desenvolvido pela Embrapa Acre, está sendo plantada pela prefeitura de Rio Branco para compor o paisagismo da cidade em canteiros públicos e nas rotatórias do município.
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De acordo com as informações da Embrapa, os técnicos municipais perceberam que, além de ser de fácil reprodução, a cultivar apresenta pequenas flores amarelas e folhas de um verde intenso que ajudam a ornamentar a cidade. Além disso, ele é de fácil cultivo e resistente à variação de temperatura da região. No viveiro, a BRS Mandobi leva cerca de dez dias para estar pronta para ser transportada e plantada.
“A rotatória está linda. Antes, havia uma grama que aparentava não ter vida. Agora, chega a dar outra visão quando a gente passa, um ar de flores, de jardim. Ficou maravilhoso, deu mais cor à cidade”, conta a atendente Amanda
Karen Freitas, que trabalha ao lado da rotatória da avenida Antônia da Rocha Viana, no bairro Village. A ação faz parte de um acordo de cooperação técnica envolvendo a Embrapa Acre, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) e a Secretaria Municipal de Agropecuária (Seagro).
Segundo o supervisor do Campo Experimental da Embrapa Acre, Rafael Clemêncio, a equipe do viveiro de plantas ornamentais Manoel Cavalcante, localizado no Horto Florestal de Rio Branco, visitou a Embrapa e foi orientada sobre o cultivo da BRS Mandobi.
“Trabalhamos com o amendoim forrageiro há algum tempo; por isso, temos experiência em campo. Além disso, foram realizadas adequações no manual de procedimentos para o plantio urbano e adaptamos para fazer uma espécie de viveiro com a prefeitura. Assim, eles podem multiplicar o material e espalhar em diversos lugares da cidade”, relata.
A partir de algumas mudas e após as orientações, o amendoim forrageiro foi multiplicado no viveiro do município. Até agora, já foram produzidas aproximadamente 170 mil mudas, sendo que 20 mil foram utilizadas nos canteiros e rotatórias. “Além das mudas, realizamos os plantios e, periodicamente, a manutenção, como capinagem e roçagem dos espaços”, conta o jardineiro da Semeia, Renato Ribeiro.
“Também estamos começando a plantar a cultivar aqui nos espaços de circulação do Horto Florestal. Muitas pessoas chegam até nós e perguntam se a gente tem para doar aquela planta que estamos colocando nas rotatórias, porque são muito bonitas. Como temos muitas mudas, doamos para o público, principalmente para serem utilizadas nos jardins das casas, chácaras e fazendas”, confidencia a coordenadora do viveiro, Fátima Paula da Costa.
Paisagismo urbano
Planejar e projetar espaços verdes, ruas, praças e outros elementos que compõem o ambiente urbano pode tornar mais agradável, funcional e saudável a relação entre as pessoas e as cidades.
De acordo com a docente do Centro Universitário Uverse e especialista em arquitetura sustentável Ana Velásquez, a área do paisagismo muitas vezes é confundida com jardinagem. “Um projeto paisagístico é pensado e concebido para que os cidadãos usufruam dos espaços públicos e privados. São levados em conta diversos elementos, como espécies de plantas da região, iluminação, mobiliário. Com esse planejamento, podemos proporcionar às pessoas um ambiente no qual se sintam pertencentes e comecem a cuidar dele”, ressalta.
Um bom paisagismo urbano pode trazer diversos benefícios para as pessoas. Além de promover locais mais bonitos e agradáveis, busca contribuir na melhoria da qualidade do ar, redução do barulho, regular a temperatura e até mesmo ajudar a controlar a erosão do solo.
Além disso, espaços verdes bem projetados e cuidados podem ser um importante ponto de encontro para a comunidade, com a oferta de áreas para lazer, exercício físico e convívio social.
O uso do amendoim forrageiro é um exemplo desses elementos regionais que podem integrar o planejamento urbano. “Ele se adapta muito bem com nosso clima e solo. As rotatórias estão lindas com o amendoim forrageiro. A paisagem dá vitalidade às cidades”, diz Velásquez.
Ainda conforme a especialista, Rio Branco não conta com o Plano Diretor de Arborização Urbana, instrumento estratégico e eficiente com diretrizes para políticas públicas e informações como as espécies recomendadas e local mais adequado para seu plantio, cultivo e manutenção. “Os gestores municipais poderiam trabalhar melhor os espaços públicos. A capital do estado tem grande potencial de solo e espécies de plantas para serem utilizadas”, defende.