A semana foi agitada no cenário político. Entre segunda e terça-feira (5), a atenção em Brasília estava voltada para a votação da PEC do voto impresso, que foi arquivada. Ainda na terça, a Marinha promoveu um desfile militar com tanques ao redor do Palácio do Planalto, ato que foi criticado pelos parlamentares.
Uma comissão especial dos deputados analisou a proposta de emenda à Constituição que promove uma minirreforma nas regras eleitorais. O chamado “Distritão” foi rejeitado. Já a volta das coligações partidárias nas eleições proporcionais foi aprovada.
Na quinta-feira (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro para apurar o vazamento de um inquérito sigiloso da Polícia Federal (PF). Além disso, a semana foi marcada por uma tensão acirrada entre os Três Poderes e mais sessões de CPI da Pandemia.
Em contrapartida, o governo anunciou um novo programa social que substituirá o Bolsa Família e também a votação da reforma do Imposto de Renda, adiada para a semana que vem.
Análise
O cientista político Carlos Valente observa que a semana foi “cheia de narrativas”, mas não teve, na prática, nenhuma “novidade que as pessoas sentem no seu dia-a-dia”. Segundo ele, “a Câmara não votar assuntos que são de interesse da população não é novidade” — em relação à PEC do voto impresso.
“Até a parada militar, que foi criticada por um monte de gente, acontece todo ano, só que ninguém sabia”, observou Valente. “Para o cidadão comum, foi uma semana como qualquer outra”, reafirmou.
O especialista destacou o papel do agronegócio na balança comercial brasileira. “Essas pessoas estão trabalhando de sol a sol, não têm tempo para ficar se metendo em fofocas de política”, comentou. “Estão gerando riqueza, emprego e fazendo o país funcionar. É isso que interessa, na verdade”, opinou.
“O Brasil vai continuar o mesmo, com a CPI da Pandemia. Nós temos uma Câmara que se esqueceu da população — os políticos que elegemos –, então vamos ter um presidente lutando contra uma série de artimanhas, vamos continuar discutindo se o voto vai continuar sendo impresso ou não, e assim por diante”, analisou Valente.
O especialista espera “um grande movimento” para 7 de setembro, em Brasília. “O agronegócio vai estar dando suporte e alimentação para essas milhares de pessoas e elas não vão sair de lá enquanto não tenhamos algumas questões centrais resolvidas”, previu.
“Eu acho que este 7 de setembro será um divisor de águas para o Brasil”, apostou.